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Teatro do Incêndio

Sobre o produtor

Cia. Teatro do Incêndio

 

O Teatro do Incêndio nasceu em 1996, com a estreia de “Baal – O Mito da Carne”, de Bertolt Brecht, em uma antiga fundição de ferro no bairro de Pinheiros em São Paulo. A peça cumpriu uma história de 2 anos, com temporadas no Teatro OficinaOficina Cultural Oswald de Andrade e apresentações em 10 unidades do Sesc pelo interior e Sesc Vila Mariana. Em sua primeira formação, foi batizado de Teatroaostragos (como “Canto do Bode”) e mudou seu nome para a encenação de “Beatriz Cenci” (“Les Cenci”), de Antonin Artaud, em 2000, na Funarte, em homenagem a trilogia de Roger Vitrac, companheiro de Artaud no Teatro Alfred Jarry.

O grupo tem como característica o mergulho em linguagens diversificadas e vanguardas históricas, construída ao longo de 20 anos de experimentações, sempre tendo como objetivo um estudo do ser humano encarcerado na engrenagem de uma civilização castradora, mantendo seu enfoque no cidadão afetado por valores artificiais criados pela sociedade.

Em sua trajetória, que completa 20 anos em 2016, procurou dar voz a autores como Jean Genet (“O Balcão” – TBC, 1997), Bertolt Brecht, (A Boa Alma de Setsuan – Teatro Sérgio Cardoso, 2005, “Na Selva das Cidades” – Funarte, 2009 e “Baal – O Mito da Carne), Antonin Artaud (“Beatriz Cenci- Funarte, 2000”), Marques de Sade ( A Filosofia na Alcova – Funarte, 1999), Friedrich Von Schiller (“Joana D’Arc – A Virgem de Orleans” – Bibi Ferreira, 2011), Zeno Wilde (“Anjos de Guarde” – TBC, 2001), além de peças de autoria própria, buscando sempre uma filosofia social capaz de estimular o pensamento divergente e despertar a atitude no espectador. Suas peças buscam a síntese do momento social, numa espécie de criação nômade, abrangendo mais de uma linguagem ao mesmo tempo e tendo a música ao vivo composta especialmente ou emprestada e relida como aliada importante nessa composição de ideias.

A atual fase do grupo teve início em 2011, após ser contemplado pela primeira vez pela Lei de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo, em sua 18ª edição, com o projeto “São Paulo: Cidade Surrealista”. O projeto contou com parceria do Museu da Língua Portuguesa para promover um curso sobre surrealismo, que culminou em dois espetáculos no ano de 2012, reabrindo a casa noturna Madame Satã e permanecendo em cartaz por 10 meses com “São Paulo Surrealista” e "São Paulo Surrealista 2 – A Poesia Feita Espuma”. Os espetáculos tiveram mais de 180 apresentações em 3 temporadas e apresentações no interior, Sesc Piracicaba e outras cidades, além de ter tido em seu elenco 27 jovens oriundos de oficinas de treinamento do grupo na Oficina Oswald de Andrade por meio de ocupação artística do espaço. Ainda dentro do projeto realizou um ciclo de leituras de textos surrealistas na Funarte de onde surgiram duas montagens dos textos de Rene de Obaldia, “A Baby Sitter” (Sesc Pinheiros, 2013) e “Fim de Curso” (Teatro do Incêndio, 2013 e Sesc Piracicaba, 2014), traduzidas especialmente para o grupo por Clara Carvalho e Claudio Willer.

Em 2013 inaugurou a sua primeira sede na rua Santo Antônio, no Bixiga, mudando-se para a rua da Consolação e, finalmente, para sua sede definitiva na rua 13 de Maio, 53.

Em 2014 realizou o espetáculo “O Pornosamba e a Bossa Nova Metafísica”, (Teatro do Incêndio), experimento dedicado a memória da música brasileira, mesclando linguagens teatrais diversas como expressionismo, realismo e dadaísmo. Muito bem recebido pelo público de todas as idades, o espetáculo produzido com o apoio da sociedade civil através de uma plataforma online de financiamento coletivo, terminava na calçada da Rua da Consolação, 1219, antiga sede da Cia. a qual deveriam deixar por uma desapropriação movida pela Linha 6 - Laranja do Metrô.

Em 2015 estreia a peça “Pano de Boca”, de Fauzi Arap, recriando cenários e figurinos idealizados por Flavio Império para a montagem dirigida pelo autor em 1976. O Espetáculo contemplado pelo PROAC Editais 08/2014 e também pela 26ª edição do Programa de Fomento ao Teatro, inaugurou uma nova sede no Bixiga. Tal espetáculo fez parte do evento "Panorama: Teatro do Incêndio" promovido pelo Sesc Bom Retiro.

Desde 2009, o Teatro do Incêndio passou a investir na formação e no exercício da vocação de jovens artistas, formando atores, iluminadores e técnicos em várias funções, tornando-se autossuficiente desde a área de produção até a sonoplastia. Hoje, em sua sede localizada no Bixiga, realiza seu treinamento permanente de onde saem seus espetáculos criados unicamente em sala de ensaio, estudando novas aplicações a técnicas conhecidas e procurando novas formas de expressão para seu repertório de trabalho.

Ainda em 2014, a Cia., procurando intensificar seus laços com a cidade e o entorno do espaço, criou projetos permanentes, com duas turmas anuais: “SOL-TE”, projeto para integração de crianças e adolescentes da comunidade com as artes cênicas e outras artes e “Iluminar”, curso de formação de iluminadores e técnicos de luz.

Desde o Projeto “A Teoria do Brasil” que resultou no espetáculo “O Santo Dialético”, em 2016, o grupo voltou seu olhar profundamente para um estudo sobre a formação do povo brasileiro. A obra aponta os caminhos do coletivo para um estudo da ancestralidade brasileira e um questionamento profundo da identidade e formação de nossa gente presente no cotidiano e questionando o que sobrou de nós diante do massacre de nossa essência. 

O Projeto subsequente, “A Gente Submersa” em 2017/2018, deu sequência a esse estudo produzindo dois espetáculos inéditos com base na Cultura Popular Tradicional, ampliando seu olhar também para o sertanejo, ao lado de indígenas quilombolas. Foram realizadas nesse projeto 16 rodas de conversa com mestres da cultura popular.

Em 2018 comemora 22 anos de atividades ininterruptas lançando o livro “Teatro do Incêndio: da Terra ao Território”, apresentando a história do coletivo de sua primeira peça em 1996 até a conquista da sede própria na rua 13 de Maio, 48. Em 2018, foi indicado ao Prêmio Governador do Estado na categoria “Território Cultural”.

O Teatro do Incêndio é um coletivo sem autoridades, que busca uma maneira de pensar a diversidade, o outro como meta. Mais do que um grupo que faz teatro, consideramos uma ideia a ser mantida, dialogando com o nosso tempo enquanto ele acontece.

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