RETORNO À CASA DE INFÂNCIA

O objetivo deste trabalho é buscar em mim mesmo a criança que fui um dia, que não foi esquecida, mas pouco cuidada, resultando em um sentimento de abandono. Tal sentimento causou dor e precisa ser sanado, voltando-se à origem e compreendendo o que realmente ocorreu e, esta dor, pode ser ultrapassada se aceita e trabalhada. 

O chamado do encontro é para perceber o que realmente se passou quando se era um ser totalmente aberto. Quando se tem a coragem necessária para voltar a esta época e enfrentar a realidade do que efetivamente aconteceu, consegue-se superar as dificuldades, “indo em frente para o seu destino”. 

“Todos nascemos feridos pelo impacto de nascer neste mundo, tal como ele é”. A maior parte das pessoas se adequam, mas pode-se com algum trabalho consciente, apressar esta adaptação. Este è o objetivo de retornar-se à casa infância e ver com sinceridade o que realmente ocorreu. 

É necessário ter consciência da origem dos condicionamentos infantis que persistem na vida adulta de cada um, através da Falsa Personalidade ou Ego. 

Houve uma programação que vem atrapalhando e, às vezes, até impedindo que as pessoas sejam livres e felizes. Em trabalhos de crescimento somente há adultos, mesmo que às vezes pareçam crianças e emocionalmente se comportem assim. Contudo, tais adultos devem perceber e reconectar com as dificuldades originadas na infância, na relação com os Pais e com o ambiente em que viveram e desenvolveram sua personalidade. O desenvolvimento de tal personalidade funcionou como uma defesa às faltas de amor e aceitação percebidas pela criança, o que a levou a defender-se do meio, às normas, e aos valores familiares e socioculturais. 

Tal estratégia seria perfeita se, ao crescer, cada pessoa pudesse desligar-se dela, voltando a conectar-se consigo mesmo. Mas não foi assim que aconteceu, resultando em manter-se uma estratégia que foi boa para a criança, mas que é uma “estratégia furada” para o adulto, devido à sua mecanicidade. O “tem que ser assim” em nada ajudou o adulto, ao contrário limitou-o e afastou-o de seu SER. 

A prisão da mecanicidade parece ser mais segura, não se percebendo que ela reduz muito o potencial de cada um, limitando as resposta às requisições da vida ordinária e impedindo que se crie e ouse. 

É preciso coragem de ousar, ir em frente e não estagnar para resolver tal situação de limitação, ou seja, sair desta prisão que parece tão segura. É preciso sair da comodidade, ir até a criança e ajudá-la. De fato perceber que houve “vantagens secundárias, mas perdas primárias”. 

O primeiro passo é reconhecer a prisão em que se está; o segundo é saber como funciona esta máquina viciada e querer, com coragem, se ver livre dela; o terceiro passo é fortalecer e alimentar a parte que está pouco atuante, a ESSÊNCIA, o testemunho sábio, que necessita de mais alimento para se expressar.