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crie seu eventoA jornada de uma mãe e uma filha na fronteira entre o esquecimento, a dor e a redescoberta da própria essência é tema de Bombordo ou Uma Ilha para o Esquecimento, segundo monólogo autoral da atriz e professora Ana Paula Dias. O espetáculo tem sua temporada de estreia no espaço ºAndar, de 17 de maio a 8 de junho, com apresentações aos sábados, às 20h, e aos domingos, às 19h.
Navegando entre o íntimo e o universal, o espetáculo convida o público a uma jornada sensorial e emocional, onde o mar se transforma em metáfora para as paisagens internas da protagonista — e da própria atriz em cena.
O que era para ser uma fuga transforma-se em um espelho. Uma mulher parte em uma viagem solitária de veleiro, determinada a deixar para trás um cotidiano sufocante e as cicatrizes de um amor perdido. Mas, no último momento, ela se vê obrigada a levar consigo sua mãe, que sofre de Alzheimer — uma presença que embaralha ainda mais os limites entre passado e presente, entre cuidadora e dependente.
Enquanto navega por mares gelados, a protagonista luta contra os esquecimentos da mãe: perguntas repetidas, histórias truncadas, a incapacidade de reconhecer até mesmo o barco que as abriga. Aos poucos, porém, percebe que não está apenas lembrando por duas — ela também é confrontada com suas próprias fugas da memória. A morte do pai, enterrada sob camadas de negação. As dores de um rompimento amoroso que ela tenta apagar com distâncias geográficas. O medo de viver, disfarçado de aventura.
O mar, antes símbolo de liberdade, torna-se uma armadilha. As coordenadas se perdem, os dias se repetem, e a viagem revela seu verdadeiro propósito: uma travessia para dentro de si mesma. Mãe e filha reencenam gestos esquecidos — amarrar sapatos, fazer nós, contar histórias —, enquanto a protagonista enfrenta a pergunta que a assombra: O que mais eu escolhi não lembrar?
Com uma narrativa não linear e atmosferas que oscilam entre o poético e o claustrofóbico, Bombordo questiona: O que escolhemos lembrar? O que não podemos evitar esquecer? A direção e dramaturgia exploram a técnica Meisner, privilegiando a escuta, a verdade do momento e a presença física como eixos da narrativa.