A convite da Rama Plataforma, o artista Rubens Mano apresenta uma fala que traz como ponto de partida o trabalho o n f i n s d e m e m ó r i a (2017), produzido por ocasião da bienal Anozero’17, uma edição que aconteceu em diferentes lugares da cidade de Coimbra, Portugal, apropriando-se de alguns de seus espaços patrimoniais de referência. E traz como ponto de chegada o livro princípio ativo (UBU Editora, 2020), publicado recentemente em parceria com a Anozero – Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra, em que reúne parte significativa de sua produção artística. A proposta é desvelar alguns aspectos que interseccionam esses dois pontos e tornam presentes realidades materiais e sensíveis subjacentes às suas reflexões e práticas artísticas. Diante de um largo conjunto de trabalhos, cujas questões não se esgotariam em uma palestra, opta-se por adensar a conversa em torno de o n f i n s d e m e m ó r i a e por apresentar a estrutura da publicação que, em suas mais de 300 páginas, traz à superfície o projeto artístico de Rubens Mano em muitos anos de trajetória. Projeto esse que, segundo ele, se relaciona “às dinâmicas de produção do espaço social, e à ideia da estruturação das cidades e de seus lugares enquanto linguagem”.

Rubens Mano é artista multimeios. Formou-se em Arquitetura e Urbanismo (1984), na FAU/Santos, quando iniciou seus estudos em fotografia. Desde então, correspondências entre imagem e espaço passaram a constituir a trama conceitual que fundamenta seu projeto como artista. Durante a elaboração do mestrado em poéticas visuais (2003), na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), formula o conceito de intervalo: ação que se instala nas fissuras dos regimes de alteração e transformação de espaços, e que propõe uma ressignificação das dimensões constitutivas do 'lugar da ação’.

Inscritas nas relações que envolvem a configuração de espaços e os regimes de construção de imagens, suas ações buscam problematizar processos de produção do espaço social que organizam e controlam os modos de constituição de lugares, sinalizando um viés crítico relativo a normas e fluxos que regulam a esfera urbana. Sua prática decorre de ampla negociação e envolve significativa colaboração dos distintos agentes envolvidos, trazendo enquanto dinâmica importantes aportes para o repertório constitutivo das ações; alargando suas superfícies visíveis, articulando linguagens e saberes, e exercitando inclusivas dinâmicas de inscrição.
  
Participou da Trienal da Imagem, Guangzhou (2021); da 2ª Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra (2017); da Bienal de Cuenca (2011); da 28ª e 25ª edições da Bienal de São Paulo (2008 e 2002); do inSite, Tijuana e San Diego (2005); e da 14ª Bienal de Sydney (2004); assim como de exposições realizadas no Centre de la Photographie, Genebra; no Museu di Arte Moderna e Contemporanea di Trento e Rovereto, Rovereto; na Pinacoteca do Estado de São Paulo; no Centro Galego de Arte Contemporánea, Santiago de Compostela; no Museum of Contemporary Art, Tóquio; no Institut Valencian de Arte Contemporáneo, Valencia; no Museu de Arte Moderna, São Paulo, e no Henry Moore Institute, Leeds. Foi contemplado com o Prêmio Marc Ferrez de Fotografia, Funarte (2012), e o Arte e Patrimônio, MinC/IPHAN (2009), e também com a Grants Program Recipients, Cisneros Fontanals Art Foundation (2006) e a Bolsa Vitae de Artes, Fundação Vitae (2003).