“Se essa rua, se essa rua fosse minha...”

        E um dia ela foi.

        Ela foi a casa, o trajeto, rota de fuga, cena de crime, esquina, desfile de carnaval, repleta de história, de sentimentos e por onde mundos inteiros se cruzaram.

        Nas esquinas, nas praças, nas calçadas, pessoas se cruzaram, onde agora só a memória afetiva de cada um é capaz de acessar este caminho, refazê-lo. E esta memória foi o caminho por onde Pontilhados passou.

        Para muitos é ousadia ocupar as praças, os monumentos, a paisagem, enquanto a vida segue sempre apressada e constante. Mesmo ali, onde o tempo é líquido, pulsante, pessoas, memórias e novas realidades se fundem, convidando a todos nós para um passeio.

        Fones de ouvido, uma trilha, a voz de uma atriz delineando o caminho, o público sai em um trajeto dançado, sentido, compartilhado. No percurso surgem os artistas, hora no presente, hora no passado, hora em lugar algum do sentido lógico do qual todos se desconectam enquanto passeiam.

        Pontilhados é uma experiência criada em Recife, que cria novos mundos e perspectivas por onde passa. É uma intervenção urbana, em formato de dança-poesia-trajeto. E com sua fórmula, desafiadora, deseja propor um diálogo entre as cidades, com os corpos dançantes, levando o Recife consigo, enquanto visita e provoca a cidade anfitriã a se desenhar para um novo lugar na memória de sua gente.

        Esta obra é troca, reflexão, corpo, discurso, atravessamento pela dança que surge na alma de quem se doa a viver a experiência como artista. Obra que nasce em uma oficina, com seis dias de duração, enquanto uma equipe potente pesquisa, cria a trilha sonora, a dramaturgia, que seguirá para um estúdio.

        É um desafio que surge da necessidade de construir algo em um tempo que urge, passeando, trocando, sentindo, se atravessando. E qual o ponto mais alto desta experiência?

        Sentir o humano que revisita o seu lugar, sua gente, suas construções, bens imateriais e materiais, para que com isso possa se inquietar, até que em seu processo intrínseco possa criar em si uma outra perspectiva do agora, de si mesmo, da cidade, de tudo que o cerca e lhe provoca a existir e resistir.

        Foi assim em Porto Alegre e São Paulo quando cruzou as cidades junto ao Rumos Itaú Cultural. Foi assim em Recife quando levou para a rua o jeito de pensar e fazer do Grupo Experimental, na condução de Mônica Lira, que assina a obra como criadora, coreógrafa e inventora de mundos. 

Serviço:

Pontilhados
Dias 10, 11 e 12 de outubro sempre às 16h saindo da Babylon Station
Ingressos pelo Sympla e 1h antes no local
Indicação: Livre
Preço: Ingresso único a R$ 40,00
(Ingressos limitados)