LOBO * Carolina Bianchi Y Cara de Cavalo

O projeto SalaAberta#REC dentro da ação de experimentação online Fogo nas Entranhas, tem o prazer de receber Carolina Bianchi Y Cara de Cavalo para a exibição da filmagem do espetáculo LOBO, realizada no emblemático Teatro Oficina. Após a exibição da filmagem Carolina Bianchi conversará com o público.

A filmagem foi realizada por Igor Dumond em agosto de 2018, em apresentação considerada recorde de público no Teatro Oficina de São Paulo, e se trata de um plano sequência sem cortes de dentro da cena. Naquela ocasião, o espetáculo contou com a atuação de trinta performers junto a Carolina Bianchi, que assina a direção e a dramaturgia da peça e uma equipe de mais de 40 pessoas envolvidas.

"Muitas das cenas que vocês verão em LOBO, podem causar um enorme estranhamento nesse momento, porque são impossíveis de serem realizadas num contexto como esse sem nos considerarmos suicidas ou assassinos (...) A proximidade virou algo extremamente perigoso. Não tenho idéia de quando poderei estar em cena novamente com meus parceiros e parceiras, compartilhando nosso suor num mesmo espaço, respirando bem perto um do outro. Essa ação está léguas de ser um capricho nosso, mas um dos pilares do que constitui a forma como tenho pensado o teatro em conjunto". Carolina Bianchi Y Cara de Cavalo estavam em cartaz com seu último trabalho O Tremor Magnífico, que teve sua temporada de estreia cancelada em Março deste ano devido o início do isolamento social. 

Durante os meses vividos de confinamento até aqui, não consegui me reinventar. Ou transformar meu trabalho para o âmbito virtual. Não sei adaptar ou transformar a sensação de enfiar uma mão em uma boca. Saliva é saliva. Lamber é lamber. Vamos aguardar o que virá. E a cada dia que passa nesse ciclo eterno, sinto o  teatro como uma luta contra a tristeza. Talvez isso faça com que estejamos aqui agora a olhar um material como esse, tão vivo, e tão já arqueológico ao mesmo tempo. Afinal como contar o tempo?" comenta Carolina Bianchi.

Sobre o espetáculo LOBO estreou em Março de 2018 no Teatro de Contêiner de São Paulo e faz parte do sangue e imaginário de Carolina Bianchi Y Cara de Cavalo. Nos últimos dois anos, o espetáculo percorreu palcos de São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre, em apresentações sempre emblemáticas que colocaram o trabalho como referência de produção cênica, porque foi realizado sem apoio institucional. Em Abril deste ano 2020, a peça faria duas apresentações no Skirball Center Theater, em Nova Iorque, que não aconteceram por causa da pandemia.

Sinopse "Em LOBO nos roçamos, derretemos numa sopa de suor coletivo, compartilhamos superfícies de maneira erótica, imaginamos com o corpo que podemos entrar dentro da pele dos outros. Em uma determinada altura sou coberta por uma enxurrada de mãos. Mãos amadas."

Ficha técnica Concepção, direção e dramaturgia Carolina Bianchi / Diretoras assistentes Marina Matheus, Joana Ferraz, Debora Rebecchi / Performers Antonio Miano, Felipe Marcondes, Tomás Decina, Tomás de Souza, Kelner Macedo, Allyson Amaral, Maico Silveira, Chico Lima, Gabriel Bodstein, Giuli Lacorte, Gustavo Saulle, José Artur Campos, Rafael Limongelli, João Victor Cavalcante, Murillo Basso, Carolina Bianchi, Rodrigo Andreolli, Aron  moraes, Carlos Bruno, Filipe Felix, Blackyva, Guilherme Conrado, Hugo Costa, Idris Bahia, Leonardo Bianchi, Maruan Sipert, Felipe Barros, Lucas Sereda, Wallace Ferreira e Eduardo Bordinhon / Produção Anacris Medina e Jasmim Produção Cultural / Assistência de produção e loja Lu Mugayar / Comunicação José Artur Campos / Luz Alessandra Domingues / Som Joana Flor / Pesquisa de trilha sonora Carolina Bianchi /Objetos de cena Tomás Decina, Nelson Feitosa e Rafael Limongelli /  Efeitos Especiais Gustavo Saulle / Figurinos Antonio Vanfill / Imagens  Igor Dumont / Edição Casaestudio - Giuli Lacorte / Fotos Mayra Azzi / International Management and Production Carla Estefan - metrogestaocultural.com 

Agradecemos : Teatro Oficina Uzyna Uzona, Camila Mota, Cafira Zoé, Igor Dumont, Pedro Felizes, Camila (som), Anderson Pucheti, José Celso Martinez Correa,  Nash Laila, Fernanda Vinhas e sua equipe, Brenda e toda a equipe do Teatro Oficina e ao público que esteve nessas apresentações.

Sobre a pesquisa de Carolina Bianchi 

Nos últimos anos, Carolina Bianchi tem mergulhado em uma pesquisa sobre as forças do erotismo e seus desdobramentos na cena, suas pulsões implacáveis de êxtase e morte. Das suas obsessões, resultaram os trabalhos Mata-me de prazer (2016), a performance Quiero hacer el amor (2017) e LOBO (2018). Os trabalhos foram realizados tendo, como parte fundamental, a criação e a vivência de residências artísticas que serviram de alicerce para o compartilhamento e a troca profunda das práticas e teorias abordadas pela artista.

Cada trabalho, e resultado das problemáticas e obsessões encontradas a partir de experiencias no talo, através de práticas especificas, que acabam se tornando uma imensa parte da dramaturgia dos espetáculos.

Em Manifesto de um corpo delirante trabalhava a partir de Mata-me de prazer, em treinos de telepatia, hipnose e fricção do corpo com outras matérias para obter prazer erótico. Actos Passionales e o nome da residência que originou Quiero hacer el amor, performance de 2017 em trajetória

que um grupo de mulheres fazem amor com edifícios. A rebelião de Artemísia e o nome da residência do espetáculo LOBO, aonde Carolina trabalhou apenas com performers do sexo masculino. E por fim, A linguagem diabólica e o nome que deu as práticas de o tremor magnifico, que vão de um estudo de uma linha do tempo borrada, dançar com fantasmas, e trabalhar com a ideia de um estado de possessão.

Os espetáculos citados aqui foram construídos junto a um coletivo de artistas – Cara de Cavalo – que assumem diferentes funções a cada obra, sendo que grande parte desses artistas provêm do encontro nas residências.

Carolina promove uma tentativa incansável da materialização de estados que se constroem nessas praticas através da performatividade da cena, aliados a uma poética textual extremamente carnal, e uma pesquisa estética que envolve intensa arqueologia do universo de paixões da diretora: obras da pintura barroca, canções emblemáticas de outras décadas, filmes de horror, e autores como Emily Dickinson e Pier Paolo Pasolini.

Os espetáculos criados por Carolina Bianchi y Cara de Cavalo consistem em pequenos mundos por onde se cavalga com uma linguagem muito própria. As cenas formam um amontoado de equações insolúveis, pequenos quadros de horror e beleza, molhados de suor, esgotados de êxtase primordial, aonde nada se resolve, não ha soluções, e a angústia do Eros sempre contempla a morte. A morte não como finalidade, mas como uma parte inevitável da jornada poética: e sempre preciso se despedir de algo para uma nova coisa surgir.

A Metropolitana Gestão Cultural apresenta o projeto Sala Aberta #REC 

Sala Aberta #REC é um projeto independente de artes performativas, que parte da premissa do isolamento social e do desejo de reaproximação entre artistas e  público, para gerar novas experimentações artísticas e espaços de encontro através de plataformas virtuais.

 “Sala Aberta” porque as “salas” das casas de todes artistas participantes estará aberta ao público.

“REC”  abreviação de recording, gravando / nossas ações serão todas online, e porque desenhamos 3 vetores de ação.

Sala Aberta #REC 

REC  Reconexão, Experimentação e Compartilhamento.

VETOR #Reconexão > Encontros mensais de redes de reflexão e ação entre trabalhadoras culturais nacionais e internacionais. Gestoras, produtoras, curadoras, diretoras de espaços e companhias, articuladoras, artistas, técnicas em diálogo sobre seus contextos e universos de atuação.

VETOR #Experimentação >Através de nosso novo canal no Youtube, de nossas redes sociais e de plataformas como Zoom, Spotify, Soundcloud, os artistas nacionais e internacionais convidados ao SalaAberta#REC realizarão experimentos artísticos inéditos online.

VETOR #Compartilhamento >Artistas, pesquisadoras, ativistas, compartilham com o público os seus processos e métodos de criação. Masterclasses, palestras, cursos, workshops, debates e provocações.

REC#2 -Ação do vetor Experimentação - "Fogo nas Entranhas" 

Série de experimentações performativas online, com trabalhos de artistas expoentes que desenvolvem sua pesquisa e experimentação na intersecção entre as linguagens formais e híbridas da cena contemporânea.

Dia 30/07 às 21h -  Carolina Bianchi Y Cara de Cavalo apresentam um registro audiovisual do espetáculo LOBO, realizado no emblemático Teatro Oficina, seguido de bate papo ao vivo - maiores informações e ingressos (de 10,00 a 40,00) bit.ly/3hmhzGq (ingressos à venda a partir de 21/7). Duração 3 horas. Recomendado a maiores de 18 anos.

Dia 01/08 às 21h – Trazemos (virtualmente) o Coletivo interdisciplinar , feminista e chileno Lastesis que, sob provocação de Maria Fernanda Vomero compartilhará ações de sua trajetória e apresentam um registro de sua mais recente performance indoor "El Violador eres tú" - intervenção baseada nas intervenções urbanas e manifestações ativistas do coletivo. A apresentação será seguida de bate papo com o público - maiores informações e ingressos (de 10,00 a 40,00) : Link para + informações do encontro com Lastesis ou   (ingressos à venda a partir de 24/7, às 18h). Duração 120 minutos. Recomendado a maiores de 16 anos.

LASTESIS - Coletivo de artistas e ativistas chileno, que ganhou projeção internacional através da intervenção de rua feminista “Un violador em tu camino” - replicada por mulheres em mais de 40 paises do mundo, e tendo sua música considerada o hino feminista do momento.  Lastesis iniciou sua trajetória artística em 2018 com a encenação de uma performance de 20 minutos baseada na obra de Silvia Federici. Em 2019 começaram os ensaios da nova performance, inspiradas por Rita Segato, que não pode estrear por conta do estalido social iniciado em outubro do ano passado em seu pais. Lastesis então se inscrevem em uma convocatória para intervenções públicas de Valparaíso com uma cena/trecho da performance que ensaiavam e assim nasce “Un violador em tu camino”.

Em janeiro de 2020, Lastesis estreia "El Violador eres tú" – performance sobre violência de gênero inspirada pela antropóloga Argentina Rita Segato, a qual assistiremos a filmagem. Em seguida, conversam com o público brasileiro com mediação de Maria Fernanda Vomero. 

+ + Neste encontro, compartilharão conosco sua trajetória, o registro da performance inédita e dialogarão com a realidade brasileira em uma conversa incendiária com a provocadora *Maria Fernanda Vomero. As quatro integrantes do coletivo – Daffne Valdés, Lea Cáceres, Paula Cometa e Sibila Sotomayor – vão contar por que formaram o coletivo, quais foram as motivações que as levaram a trabalhar com teses feministas e como avaliam a repercussão de seu ato performático que rodou o mundo. Falarão também de ativismo e performance em tempos de pandemia e de confinamento: é possível ser artivista via plataforma virtual? Mas elas também serão instigadas a pensar, com Maria Fernanda e o público, no contexto brasileiro e em teses de autoras negras brasileiras, como Sueli Carneiro e Djamila Ribeiro. Ao final, quem sabe, desse bate-papo surja um gesto-grito feminista e performático de “digna raiva”?!  + +

A performance "El Violador eres tú"  estreou em jan de 2020 no Festival Internacional Santiago a mil e em seguida se apresentou na HAU em Berlim.   +  informações e ingressos >> LASTESIS no sympla  (contribuição voluntária de R$0,00 a 40,00) 

Para saber um pouco mais: "Un violador en tú camino" no mundo  l Rita Segato sobre fenômeno feminista LASTESIS l  Reportagem BBC sobre LASTESIS l   Lastesis e Pussy Riot l Manifesto no Brasil l  Material El Clarin- Chile l Polícia do Chile ameaça processar Lastesis l Interferencia Chile 

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Histórico do projeto: SalaAberta#REC foi criado em Maio de 2020 por Carla Estefan, que assina a curadoria da programação. Desde seu início realizou 2 encontros internacionais de gestoras, produtoras e curadoras de artes performativas (online e com transmissão ao vivo) concretizando a conexão entre 17 gestoras e criadoras e gerando 8 horas de material registrado (vetor reconexão) ; em junho realizou um encontro público com Janaina Leite (Prêmio Shell) sobre sua criação dramatúrgica, que reverberou na criação de 2 edições do workshop dramaturgias híbridas e performativas (vetor compartilhamento); já em julho associada ao movimento NITE, da Holanda, criou com Janaina Leite uma intervenção audiovisual de Stabat Mater e com Carolina Bianchi exibiu uma edição do registro do espetáculo LOBO no Teatro Oficina antecedida de uma entrevista/manisfesto, dentro do evento "Carrousel 24h Global Art" (vetor experimentação) e cria a mini mostra “Fogo nas Entranhas”, composta de 4 experimentos performativos online com artistas expoentes da experimentação cênica, Carolina Bianchi, Janaina Leite, Colectivo Lastesis e Soraya Ravenle.

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