A peça “Jerusalém de Nós” surge da leitura de Leo Lama de um artigo publicado no jornal
francês “Le Monde”, pela professora israelense, Nurit Peled Elhanan, que perdeu sua filha
de 13 anos em um atentado do Hamas. No artigo, Nurit defende os palestinos e critica a
política do Estado de Israel. Tal atitude comoveu o autor, que partiu desse ponto para criar
uma obra ficcional.
Tendo como pano de fundo o conflito de lados opostos no Estado de Israel, a peça
“Jerusalém de Nós” conta a história de Nurit, uma professora universitária israelense, de
cinquenta e poucos anos, que invade uma repartição pública à procura de sua filha
desaparecida, logo após um atentado no qual uma bomba explodiu. Assim ela imagina.
Mas tudo leva a crer que está confusa quanto à veracidade dos fatos. Desesperada,
segurando um revólver, a mãe judia parece estar procurando sua identidade, em um
cenário de conflitos raciais, políticos e religiosos. Uma misteriosa recepcionista, que tem
como única função mexer em um computador, acaba levando Nurit a profundas
descobertas. O lugar, aos poucos, vai se revelando, e a cada cena parece mais irreal. Fosse
um sonho, mas não é, fosse um delírio, mas não é, fosse realidade, mas não é. E a matéria
da representação é justamente o estado de não ser, de não espaço, de incerteza, de
mistura. Uma metáfora sobre a condição de vida de um refugiado. A peça se revela uma
jornada em busca do lugar da escuta e do reconhecimento.
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