III Congresso Nacional Ouvidores de vozes em saúde mental
Justificativa do Evento:
Algumas pessoas acham que é útil pensar em sua dificuldade como sendo uma “doença”. Outros preferem pensar em seus problemas como, por exemplo, um aspecto de sua personalidade ou como marcas de um evento traumático que essa pessoa passou e que pode buscar soluções individuais ou coletivas para lidar.
Em algumas culturas, experiências, tais como ouvir vozes é altamente valorizado. As experiências de cada indivíduo são únicas. Para muitas pessoas, embora não todas, experiências como ouvir vozes ou se sentir paranóico são de curta duração. Mesmo as pessoas que continuam a experimentá-las, no entanto, muitas vezes, levam vidas felizes e bem sucedidas. É um mito que as pessoas que têm essas experiências são susceptíveis de ser violentas.
Em torno de 2% a 4% da população mundial ouvem vozes. 66% das pessoas que ouvem vozes não necessitam de atendimento psiquiátrico, são bastante saudáveis e conseguem lidar bem com as vozes. Há em nossa sociedade mais pessoas ouvem vozes que nunca se tornaram pacientes psiquiátricos, do que há pessoas que ouvem vozes e se tornam pacientes psiquiátricos.
De modo mais geral, é vital que os serviços ofereçam às pessoas a oportunidade de falar em detalhes sobre as suas experiências e para dar sentido ao que acontece com elas. Profissionais não devem insistir para que as pessoas aceitem se enquadrar em um modelo particular de compreensão, por exemplo, de que as suas experiências são sintomas de uma doença.
Objetivos do Evento
O Congresso Nacional Ouvidores de vozes em Saúde Mental, pretende-se discutir a relevância do protagonismo do usuário em processos de reabilitação psicossocial e superação de crises. Trata-se de um Fórum sobre a teoria e a prática dos ouvidores de vozes.
O público preferencial será composto por pessoas que vivem ou viveram, em primeira pessoa ou de forma muito próxima, os desafios do sofrimento psíquico e sua superação. O objetivo é compartilhar o conhecimento que surge da experiência e toma a forma de práticas emancipadoras.
A idealização desse Fórum advém de articulações entre ouvidores de vozes profissionais de saúde e assistência social, professores, da INTERVOICE, do CENAT(Centro Educacional Novas Abordagens Terapêuticas) e da Universidade Cruzeiro do Sul.
A ideia para o Fórum vem da aproximação entre os profissionais, professores, usuários do serviço e membros da família no Brasil.
TÓPICOS A SEREM DISCUTIDOS NO EVENTO
O princípio essencial da abordagem de ouvir vozes é que nós não estamos necessariamente tentando mudar as vozes, nem eliminá-las da vida da pessoa. O que estamos tentando fazer é explorar o seu relacionamento com o ouvinte.
Fazer este trabalho vai ajudar o indivíduo ganhar uma perspectiva diferente, sobre o que as vozes estão tentando dizer. Se a pessoa conseguir desenvolver uma atitude mais forte, então as vozes podem mudar. Nosso objetivo é fazer com que o seu relacionamento, com o ouvinte mais igualitária ajudando a pessoa retomar controle.
● Este método não se concentra nas vozes como um sintoma de uma "enfermidade" - nem se concentra em descobrir o que está "errado" com a pessoa.
● Oferece uma atitude neutra, mas forte em trabalhar com vozes, aceitação é o ponto central da abordagem.
● Ajuda a desenvolver maior consciência, objetividade e um relacionamento mais produtivo entre as vozes, o ouvinte e o profissional.
Outras estratégias abordadas:
Suporte alternativo na intervenção á crise:
Como nós respondemos as pessoas em momentos críticos em suas vidas podem ter uma influência significativa sobre a sua capacidade para responder e gerenciar o que está acontecendo com usuários, como eles se prepararam para seu futuro e sua recuperação.
Durante a apresentação iremos discutir os princípios fundamentais de uma equipe de crise.
O objetivo do Serviço Equipe de crise é ofertar um trabalho flexível, competente e proativo, operando no domicílio.
O cuidado está ligado diretamente as questões: familiares, infraestrutura do domicílio e à oferta de diversas intervenções.
Peer Support:
O suporte interpares é uma abordagem inovadora que vem sendo, crescentemente, incorporada aos sistemas e políticas públicas de saúde mental, embora ainda pouco implementada e investigada no contexto brasileiro.
Baseia-se na crença de que pessoas com problemas de saúde mental, que passaram por situações crise ou adoecimento e conseguiram superá-las em sua jornada de recuperação, podem estabelecer uma relação de ajuda, respeito mútuo e suporte social com outras pessoas que estejam passando por situações similares.
Resultados de Aprendizagem
O Congresso irá capacitar os profissionais, ouvintes e familiares a entender a teoria por trás de ambas as técnicas e a confiança para usar essas novas formas de trabalhar com a sua própria prática.
No final do Congresso, todos os participantes terão:
● Uma Compreensão diferente do habitual para Ouvir Vozes.
● Uma introdução ao desenvolvimento de estratégias de enfrentamento.
● Como Criar o Perfil da Voz
● Como induzir a reflexão do papel da medicação na sua vida
● Como criar e dirigir grupos de apoio para ouvintes de vozes e empoderamento quanto ao seu tratamento
● Explorando formas alternativas de trabalho com as famílias compreender narrativas, histórias e as necessidades de recuperação da própria família.
● Introduzindo elementos de mudança no pensamento e prática no serviços de saúde mental. Enfatizando a autonomia, responsabilidade e transparência compartilhada.
PERFIL DO PÚBLICO ALVO
As pessoas que se beneficiariam com essas oficinas incluem os ouvintes de vozes e os membros da família, assistentes sociais, enfermeiros, psicólogos, psiquiatras, terapeutas ocupacionais, trabalhadores de apoio. Trabalhadores e estudantes da área da saúde e saúde mental.
COMISSÃO ORGANIZADORA E APOIOS
CENAT
UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL
INTERVOICE (Movimento Internacional dos Ouvidores de Vozes)
IMHCN (International Mental Health Collaborating Network)
PALESTRANTES
Palestrante: Dirk Corstens (Holanda)
Currículo: Formado em Medicina e residência em Psiquiatria na Universidade de Maastricht e psicoterapeuta. Trabalha em serviços comunitários de saúde mental em Maastricht. Ele trabalhou com Marius Romme e Sandra Escher desde 1992, e agora lidera o grupo de ouvidores de vozes em Maastricht. Dirk também está preparando um PhD em cursos para ouvintes e profissionais, e o método de diálogo por voz para audição por voz.
Palestrante: Robin Timmers (Holanda)
Currículo: Formado em Psicologia. Ele é um ouvinte de voz. Ele fundou o Hearing Voices Support Center em Nijmegen e é professor de saúde mental na Universidade de ciências aplicadas em Nijmegen. O centro oferece informações e apoio aos de ouvidores de vozes, suas famílias e aos profissionais de saúde mental, proporcionando reuniões, grupos, workshops e treinamento individualizados. Robin também é co-editor da Klankspiegel, a revista da Dutch Hearing Voices Network.
Palestrante: Profa Luciane Prado Kantorski (UFPEL)
Currículo: Possui graduação em Enfermagem e Obstetrícia pela UFSM, mestrado em Educação pela UFSM(1994) e doutorado em Enfermagem pela Universidade de São Paulo -EERP-Ribeirão Preto (1998). Atualmente é Professora Associada da UFPEL. Foi Diretora da Faculdade de Enfermagem da UFPel entre setembro de 2006 e dezembro de 2014. Em 2005 e em 2009 realizou visita técnica e missão de trabalho na Universidade de Turim-Itália. Tem experiência na área de Enfermagem, com ênfase em Avaliação de serviços de saúde mental, Realizou pós-doutorado na Università degli Studi di Torino.
Palestrante: Profa Rossana Seabra (UNESP)
Currículo: Possui Graduação em Psicologia pela UFPR (1982), Especialização em Educação Especial pela UFPR (1991), Mestrado em Educação pela UFSCAR (1995), Doutorado em Educação pela UNESP (2002) e Pós doutorado em Desinstitucionalização realizado em Trieste-Itália (2011). Atualmente é Professora Assistente Doutora da UNESP e Membro do Corpo Editorial da Internacional Association Of Applied Psychology.
Outros Palestrantes a Confirmar.
Palestrante: Profa Maria Tavares (UFRJ)
Currículo: Formada em Medicina pela UERJ (1985), mestrado em Psiquiatria, Psicanálise e Saúde Mental pela UFRJ (1992), doutorado em Saúde Mental pela UFRJ (1997) e pos-doutorado na area de epidemiologia psiquiatrica na Universidade de Columbia, Nova York (2008). Atualmente é professor associado da UFRJ. Foi eleita para a direção do Instituto de Psiquiatria da UFRJ para o período entre 2010-2014.
Palestrante: Leonardo Duart (Campinas)
Currículo: Possui graduação em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (2008). Atualmente é membro do comitê de ética e pesquisa do Centro de Pesquisas Odontológicas São Leopoldo Mandic e coordenador técnico/ psicólogo social - CARITAS ARQUIDIOCESANA DE CAMPINAS. Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em Psicologia Social, atuando principalmente nos seguintes temas: População em situação de rua, dependência química e sua relação com cultura e sociedade. Conferencista sobre o tema de psicologia social, drogas, internação compulsória, direitos humanos e assistência social.
PROGRAMAÇÃO
Horário
|
08 de agosto
|
8:30 – 9:00
|
Credenciamento
|
9:00 – 9:10
|
Abertura do Fórum
|
9:10 - 10:40
|
Como Desenvolver estratégias podem ajudar
ouvidores de vozes a lidar melhor com as suas experiências (Dirk Corstens)
|
11:00- 12:30
|
Suporte alternativo
na intervenção á crise. (Profa Rossana Seabra)
|
12:30 – 14:00
|
Intervalo para Almoço
|
14:00 - 15:30
|
Vivenciando as vozes e
aprendendo a viver com elas: Desenvolvendo maneiras de ajudar as pessoas a
lidar com suas vozes. (Robin Timmers)
|
15:40 -16:40
|
Ouvir Vozes não é sintoma
de uma doença (Eduardo Leão)
|
16:40 – 18:00
|
Como montar um grupo de ouvidores de Vozes. Leonardo
|
Horário
|
09 de agosto
|
9:00 –10:30
|
Ouvidores de Vozes:
Compartilhando saberes (Profa Luciane Kantorski)
|
10:30 - 12:00
|
Peer Support: Suporte interpares na saúde mental (Profa Maria Tavares)
|
12:30 – 14:00
|
Lunch break
|
14:00 -15:30
|
Entrevista participativa com Dirk e Robben
|
15:30 -16:30
|
Relatos
de experiências
|
16:30
- 17:30
|
Atividade Cultural
|
Horários
|
10 de agosto
|
08:30 –
11:30
|
Workshop
|
11:45 –
13:30
|
Rodas de conversas
|
DATA E LOCAL
Data:
08 a 10 de agosto de 2019
Horário: 9:00h ás 17:30h
Local do Evento: Universidade Cruzeiro do Sul: Av. Reg. Feijó, 1295 - Jardim Analia Franco, São Paulo
WORKSHOP
No III Congresso Nacional Ouvidores de vozes em saúde mental, vão ser realizados 4 workshop no dia dia 10/08 das 08:30h as 11:30h. O Workshop faz parte da programação e já esta incluso no valor da inscrição.
• Cada participante pode escolher um workshop para participar.
• Cada workshop comporta 70 participantes.
• O participante vai escolher o workshop de interesse no momento da inscrição.
• Quem realizar a inscrição antes tem oportunidade de escolher entre as 4 opções.
1) Workshop Introdução Trabalhando e Conversando com Pessoas Que Ouvem Vozes: (ESGOTADO)
Facilitador: Leonardo Duart
Muitas pessoas ouvem vozes desafiadoras descobriram que um ponto de virada em lidar com a experiência é achar diferentes maneiras de falar e compreendê-las. Explorar os motivos das vozes e descobrir diferentes maneiras de relacionar com elas pode ajudar a mudar o relacionamento entre os ouvintes e suas vozes.
O princípio essencial da abordagem de ouvir vozes é que nós não estamos necessariamente tentando mudar as vozes, nem eliminá-las da vida da pessoa. O que estamos tentando fazer é explorar o seu relacionamento com o ouvinte.
Fazer este trabalho vai ajudar o indivíduo ganhar uma perspectiva diferente sobre o que as vozes estão tentando dizer. Se a pessoa conseguir desenvolver uma atitude mais forte, então as vozes podem mudar. Nosso objetivo é fazer com que o seu relacionamento com o ouvinte mais igualitária ajudando a pessoa retomar controle.
● Este método não se concentra nas vozes como um sintoma de uma "enfermidade" - nem se concentra em descobrir o que está "errado" com a pessoa.
● Oferece uma atitude neutra, mas forte em trabalhar com vozes - aceitação é o ponto central da abordagem
● Ajuda a desenvolver maior consciência, objetividade e um relacionamento mais produtivo entre as vozes, o ouvinte e o profissional.
● Por definição, ouvir vozes é uma experiência muito solitária. Permitir que outros a ouvir as vozes é poderosa, libertadora, e uma fonte de apoio considerável. Por sua vez, permite, também, profissionais, amigos e familiares alguns insights valiosos sobre a realidade da experiência da pessoa que ouve vozes
2) Workshop Formação de Grupo de Ouvidores de Vozes
Facilitador: Luciane Prado Kantorski
Muitas pessoas ouvem vozes desafiadoras descobriram que um ponto de virada em lidar com a experiência é achar diferentes maneiras de falar e compreendê-las. Explorar os motivos das vozes e descobrir diferentes maneiras de relacionar com elas pode ajudar a mudar o relacionamento entre os ouvintes e suas vozes.
O princípio essencial da abordagem de ouvir vozes é que nós não estamos necessariamente tentando mudar as vozes, nem eliminá-las da vida da pessoa. O que estamos tentando fazer é explorar o seu relacionamento com o ouvinte.
Fazer este trabalho vai ajudar o indivíduo ganhar uma perspectiva diferente sobre o que as vozes estão tentando dizer. Se a pessoa conseguir desenvolver uma atitude mais forte, então as vozes podem mudar. Nosso objetivo é fazer com que o seu relacionamento com o ouvinte mais igualitária ajudando a pessoa retomar controle.
Será trabalhado no workshop técnicas e estratégias em relação as Vozes.
3) Workshop Como aplicar a Maastricht Interview:
Facilitador: Dirk Corstens
Maastricht Interview é um questionário foi originalmente desenvolvido como uma ferramenta de pesquisa para extrair informações de pessoas que escutam vozes.
Provou ser extremamente útil no desenvolvimento de uma imagem mais completa das experiências dos ouvidores de vozes.
Os resultados foram subsequentemente usados para desenvolver uma variedade de estratégias de enfrentamento que podem ajudar ouvidores de vozes a lidar melhor com as suas experiências.
Como resultado do uso deste questionário, nós descobrimos que assim como ele é útil para pesquisa, também provou ser uma ótima maneira de começar a explorar individualmente a experiência de ouvir vozes.
O questionário tem mostrado uma importante ferramenta para desenvolver a confiança nos profissionais que trabalham com saúde mental que gostariam de trabalhar com ouvidores de vozes.
4) Workshop Estratégias como trabalhar com pessoas que ouvem vozes (ESGOTADO)
Facilitadoras: Robbin Timmers
5) Workshop Suporte intensivo domiciliar para gestão da crise psiquiátrica
Facilitador: Rossana Seabra
________________________________________
RODA DE CONVERSAS
Temáticas:
1) Novas Abordagens em saúde mental
2) Ouvir Vozes
2) Atenção básica na Saúde Mental;
3) Estratégias coletivas de cuidado em SM;
4) Práticas alternativas a medicalização
5) Álcool e Drogas
O III Congresso Nacional de Ouvidores de Vozes, serão aceita submissões de trabalho e relatos, apenas na modalidade Roda de Conversa. Esta configuração permite que todos os trabalhos sejam discutidos pelos participantes, ao invés de simplesmente expostos e com tempo de discussão muito limitado.
O objetivo das rodas de conversa é que os participantes possam compartilhar e discutir situações desafiadoras vividas no cotidiano da clínica em saúde mental e relatos de ouvidores de vozes.
Solicitamos que seja enviada uma lauda com a descrição resumida da situação, os desafios que ela trouxe/traz, principais pontos que gostaria de discutir. Todas pessoas que enviarem relatos que forem aceitos vão receber Certificado Online.
As rodas tem as seguintes características:
1- O objetivo é a discussão de temas relevantes no campo da Saúde Mental no sentido de suscitar debates e estimular a troca de experiências.
2. O Facilitador controlará o tempo de exposição e vai ajudar na conversa.
4. Não serão disponibilizados equipamentos multimídia. O objetivo é promover um conversa e discussão.
5. Os trabalhos aprovados terão seus resumos publicados nos anais eletrônicos do Congresso.
6. Quantidade de caracteres: para título max. 150 caracteres com espaços e texto max. 1500 caracteres com espaços.
7. Prazo final para o envio 08/07/2019
8. O tempo para expor o relato é de 15 minutos.
PASSOS PARA SUBMISSÃO
Roteiro para envio da experiência clínica e relatos:
Nome
Formação
Título
Local de vivência da experiência
Descrição da situação (resumida)
Principais desafios
Pontos a serem discutidos
DICA DE HOSPEDAGEM: