20 set - 2019 • 19:00 > 21:00
Evento presencial em Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais, Belo Horizonte - MG
Feminismo Negro: contribuições e críticas políticas ao feminismo hegemônico
Próximo Seminário do Quem Ama Não Mata vai abordar a questão
sobre enegrecer o feminismo, com a historiadora e escritora Luana Tolentino
O Movimento Feminista Mineiro Quem Ama Não Mata (QANM), dando prosseguimento às suas atividades político-culturais
contra toda forma de violência à mulher, realiza o Seminário Leituras & Ações Feministas com as
reflexões da professora mestra em Educação,
Luana Tolentino, cuja trajetória de vida também carrega mágoas políticas
com o feminismo hegemônico. O Seminário acontece em 20 de setembro, sexta-feira,
às 19h, no salão principal da Casa do Jornalista. Em seguida, vai ser lançado o
livro-reportagem “Sou mulher e não mereço
ser violentada” (Editorial Letramento), organizado pela jornalista Maura Eustáquia de Oliveira. Ingressos
gratuitos, pelo sympla.
Luana Tolentino conheceu, muito
cedo, ainda no jardim de infância, "de forma dura e violenta" o
significado de ser negro numa sociedade racista. Ao longo da vida, essa
violência foi reiterada de várias maneiras. É sobre esta experiência - o
significado de ser uma mulher negra no Brasil, que a pesquisadora do Grupo de Pesquisa Letras de Minas/UFMG e do
Núcleo de Estudos Interdisciplinares da Alteridade/UFMG (NEIA) e autora do
livro “Outra Educação é possível:
feminismo, antirracismo e inclusão em sala de aula” (Mazza Edições, 2018), agora
feminista e engajada na questão da possibilidade de uma educação inclusiva, vai
falar em Leituras e Ações Feministas.
A violência racista sofrida na
infância e que abriu seus olhos, "como os de muitas pessoas negras"
aconteceu durante a realização de uma festa junina. Escolhida pela professora
para fazer par com um garotinho também negro, foi hostilizada na escola por vários
dias, xingada de “macaca”, “chimpanzé”. Esses xingamentos se repetiram ao longo
da vida e, já adulta, protagonizou uma cena que, descrita, viralizou na
internet. No ponto de ônibus, uma mulher aproximou-se e perguntou-lhe se fazia
faxina. Luana respondeu-lhe: "Não, eu faço Mestrado".
A partir do encontro com as
ideias feministas, já no Mestrado em Educação da
UFOP, passou a perceber o mundo "marcado por violência,
desigualdade e opressão" como algo a ser enfrentado, não apenas sofrido. Já
a relação nos dias de hoje entre o feminismo negro e o chamado feminismo
hegemônico, branco, "não é uma tarefa fácil", segundo ela: “Há muitas
mágoas - legítimas - porque por muito tempo nós, mulheres negras, fomos
alijadas de participar, sofremos uma série de silenciamentos. Numa certa
medida, ainda hoje, nossas pautas, nossa especificidade, não são levadas em
conta”.
Para Luana Tolentino, essa mágoa se
estende à história do Brasil: “Nós, mulheres negras, tivemos a humanidade
negada e, na maioria das vezes, não tivemos a oportunidade de contar com o
apoio e solidariedade das mulheres brancas”. Apesar da mágoa política, ela
pensa como a feminista norte-americana bell hooks, (escrito assim, com
minúsculas), que é necessário um esforço para superar dificuldades e construir
um feminismo "que acolha todas as mulheres em sua variedade ".
O engajamento da historiadora como
feminista se dá também na rememoração de mulheres que sofreram
"memoricídio", o apagamento de suas realizações. Uma delas é Maria
Firmina dos Reis (1825-1917), musicista, professora e
folclorista, considerada a primeira romancista negra no Brasil, autora de "Úrsula",
de 1857. Assim, ao lançar seu livro, em 2018, sobre seu legado, juntamente com
outras pesquisadoras, Luana Tolentino pretendeu homenagear as pioneiras ativistas negras: “dar voz a essas mulheres é
dar voz a quem com muito esforço abriu portas para que outras gerações como a
minha pudessem entrar”.
Após o Seminário, às 21 horas,
acontece o lançamento do livro-reportagem “Sou
mulher e não mereço ser violentada” (Editorial Letramento), organizado pela
professora e ativista do Movimento QANM,
Maura Eustáquia de Oliveira, sobre histórias
e narrativas de mulheres mortas, mutiladas, tripudiadas, reduzidas a objetos
sexuais. São reportagens realizadas pelos alunos das disciplinas Jornalismo Investigativo e Jornalismo Político do Curso de Jornalismo da PUC-MG, que desvelam ainda
mais “o quanto ser mulher num país violento, machista e misógino como o Brasil
significa ser vulnerável”, como registra a idealizadora e coordenadora dos
trabalhos, Maura Eustáquia.
SERVIÇO
Seminário: Luana Tolentino
Quando: 20 de setembro, às 19 horas
Lançamento de livro-reportagem:
Organizadora Maura Eustáquia
Quando: 20 de setembro, às 21 horas
Onde:
Salão principal da Casa do Jornalista (Rua Álvares Cabral, 400, Centro, em frente à Conexão Confins)
Ingresso: Gratuito, sujeito à lotação de espaço, pelo sympla.
Facebook: Quem Ama Não Mata Instagram: quem.ama.não.mata
Avenida Álvares Cabral, 400, Centro
Belo Horizonte, MG
Movimento Quem Ama Não Mata
O Quem Ama Não Mata (QANM) é um movimento mineiro feminista que, por meio de atividades político-culturais, denuncia toda forma de violência contra a mulher. o QANM surgiu em 1980, de um ato público no adro da Igreja São José, em Belo Horizonte. Foi reeditado em agosto de 2018, com um outro ato político, na Praça Afonso Arinos e, desde então, vem ganhando, novamente, repercussão nacional, com exposição, aulas, mostras, poesias feministas, teatro e seminários.