O show Risco_ é um espetáculo musical criado a partir do EP homônimo, lançado em 2023. Foi produzido de forma independente pela cantora Aryani Marciano, sem patrocínio e gravadoras, com arranjos e gravações por Gago Ferreira. Trata-se de um show autoral de 50 minutos, em que artista é acompanhada de banda completa e canta sobre afetividade e formas de amor cotidiano periférico, equidade de gênero, genocídio do povo preto e conexões com o continente africano.

Risco_ é sobre arriscar a viver, riscar o mundo como um desenho a partir de sua própria presença, e também da ousadia de se arriscar como artista independente, mulher preta, periférica e instrumentista, em que há diversidade de ritmos como rap, MPB. xote, samba, jongo, reggae e jazz, além da poesia falada. Suas principais referências são Bia Ferreira e Liniker.

Com banda e equipe de maioria feminina, Aryani também aborda a luta contra violência de gênero em suas composições, como as músicas “Não me toque” e “Foda-se” que incentivam o emponderamento feminino e questionam a falta de liberdade que esses corpos sofrem no cotidiano.

O show se transformou com influências de Moçambique, onde Aryani esteve em intercâmbio cultural durante dez meses entre 2022 e 2023. Lá, estudou música e danças tradicionais e ensinou culturas brasileiras, além de ter forte inserção na mídia local e ter feito o lançamento do EP. Risco_ se inicia com canções tradicionais moçambicanas, fazendo uma conexão entre África, ancestralidade viva e Brasil. Também se somam os pontos de jongo, que são batuques paulistas, parte da sua identidade afrodiásporica.

SOBRE A ARTISTA:

Aryani Marciano é cantora, compositora, poeta, flautista, artista visual e arte-educadora. Encontrou nas artes uma forma de trazer beleza ao mundo através de quem é, atravessada por questões de gênero, periferia e a diáspora africana.

Cria do Morro Doce, aos 27 anos, ainda mora neste mesmo bairro periférico da zona noroeste de São Paulo e é referência no território.

Seu repertório revela fortes influências da MPB, samba, RAP, forró e outros ritmos afrodiaspóricos como o jongo e músicas tradicionais de Moçambique e Malawii. Em 2023 lançou seu primeiro EP autoral “Risco_” em Maputo, Moçambique. Foi produzido durante dois anos, de forma independente, em destaque para o single "Morro Doce".

Mesmo sem ter músicos profissionais, a família de Aryani sempre foi atravessada pela musicalidade, composições espontâneas na mesa de jantar de uma família preta. Começou a tocar flauta transversal pelo Projeto Guri e suas primeiras canções foram palavras de ordem que criava e serviam coro para as multidões nas manifestações de 2013. Com o tempo começou a frequentar saraus, slams, movimento negro periférico e feminista, onde se identificou e firmou carreira artística.

Se formou como a quarta mulher preta do curso de Artes Visuais na Universidade de São Paulo. Desde então tem atuado como oficineira, circulado por saraus, shows e estado em articulação com projetos de música, audiovisual e festivais produzidos por mulheres como a CIA do Despejo, Bloco das Manas, Mães do Morro. Tocou nas bandas Mil Pássaros Dançando, Pariá, SempreViva, no Jongo do Coreto e no Bloco de Carnaval Embondeiro Queixada do Espaço Cultural Quilombaque.

Foi artista selecionada para a Imersão AfroTranscendence na RedBull Station para artistas afrobrasileiros contemporâneos em 2015 e novamente em 2016. Em 2018 se candidatou para a Residência Musical Zona LAMM (Laboratório de Artes Musicais para Mulheres) em Belo Horizonte, financiado pelo IberMúsicas.

Ao lado de musicistas latinoamericanas, compôs o Projeto SempreViva com quem saiu em turnê em Lima (Peru) em 2019 e lançou o EP “SempreViva Volume I”. Entre 2022 e 2023, foi aprovada numa seleção pela Comunidade Jongo Dito Ribeiro para realizar um intercâmbio cultural de dez meses em Maputo, Moçambique, onde trabalhou com dança e música tradicional. Lá também participou da residência Ethno Moçambique, voltada à música tradicional.