Em Dzaleka, um campo de refugiados estabelecido em 1994 no Malawi – um pequeno país localizado ao sudeste do continente africano – vivem 55 mil pessoas, majoritariamente vindas da República Democrática do Congo, Ruanda e Burundi, fugidas de conflitos e guerras ainda em curso. A jornalista mineira Patrícia Espírito Santo visitou este local pela primeira vez em 2019, para criar uma oficina de costura sob a tutela da ONG brasileira Fraternidade sem Fronteiras, e desde então retorna todos os anos.

Em 2023, colheu depoimentos de refugiados que detalharam suas fugas, as privações e perseguições sofridas até chegarem ali. O resultado destas conversas se transformou no livro “Há um lugar para mim na casa do meu pai”, lançado pela Autêntica Editora em abril daquele ano. O título destaca uma das características que mais comoveu a autora durante esses encontros: a forte espiritualidade que move estas pessoas.

A autora conecta eventos históricos e contextos de guerra a relatos emocionantes. O texto desperta para a dura realidade de pessoas forçadas a fugir de suas pátrias devido a perseguições políticas, étnicas e sexuais, ou a conflitos causados por disputas de terra. Isso acontece em um momento em que as migrações forçadas de africanos aumentam rapidamente, destacando a urgência da pauta sobre os Direitos Humanos.

O contexto de guerra e perseguições na região pode ser familiar para muitos. No entanto, o que Patrícia Espírito Santo faz com seu livro é dar às histórias, que representam muitos refugiados, contornos individuais e mostrar, sem filtros, a vida, a dor e as perdas por trás do grande número de refugiados que deixam seus locais de origem não apenas em busca de um lugar melhor para viver, mas para garantir sua sobrevivência.

Patrícia Espírito Santo nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais, em 1963. Jornalista e doutora em Ciência da Informação pela UFMG, especializou-se em Moda e, mais tarde, em Sexualidade Humana. Em 2018, começou a costurar com o objetivo de aproveitar os tecidos que chegavam às ONGs onde atuava como voluntária. Um ano depois, desembarcou no Malawi, país do sudeste da África, com o objetivo de montar uma oficina de costura no campo de refugiados de Dzaleka, próximo à capital Lilongwe, dentro do projeto Nação Ubuntu da ONG brasileira Fraternidade sem Fronteiras. Atualmente, coordena oficinas de costura em aldeias em Moçambique e Madagascar e tem planos de chegar à República Democrática do Congo e ao Senegal. Este é o primeiro livro de uma série em que pretende retratar a vida em recantos da África, onde passa boa parte do tempo colhendo depoimentos de pessoas que sofrem as consequências da violação dos direitos humanos.

O Sempre Um Papo é viabilizado por meio do patrocínio da Cemig e da Emgea, com o apoio do Itaú, via Lei Federal de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura, Lei Rouanet.

Serviço:

Sempre Um Papo recebe Patrícia Espírito Santo

Dia 17 de abril, quarta-feira, às 19h30

Local: Teatro José Aparecido de Oliveira (Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais – Praça da Liberdade)

Informações: www.sempreumpapo.com.br

Informações para a imprensa: [email protected]