Vivemos uma epidemia de autismo! Mais do que o aumento do número de diagnósticos, vemos também um crescente número de abordagens e procedimentos destinados aos autistas. Esse movimento mercadológico coloca o autista como portador de um déficit a ser educado, civilizado, sem que se leve em conta sua posição de sujeito. Especificamente em relação ao aspecto político, muitos retrocessos aparecem, como o parecer CNE 50/2023 que pretende instituir “orientações específicas para o atendimento de estudantes autistas” a partir de manuais médicos, fazendo crer na necessidade de aval da medicina para encaminhamento pedagógico e educacional, adotando o uso de protocolos cientificamente validados e, até, tendendo a privilegiar determinada abordagem de análise do comportamento, favorecendo uma ação terapêutica do campo da saúde no campo da educação.

Diante destas e de outras questões atuais, psicanalistas se recusam a reduzir ou fazer equivaler a enfermidade mental a um desequilíbrio químico, como nos coloca Cristina Drummond (2014). Assim, sustenta-se um fazer ético que privilegia o singular ao universal, as invenções aos protocolos. Vivemos, então, a batalha do autismo, “…a batalha pela diversidade de abordagens. Apenas nessa variedade o trabalho do sujeito pode ter lugar efetivo. Essa é a luta da psicanálise. A batalha do autismo é uma proposição de respeito à forma de ser de cada um.” (VIEIRA; SILVA, 2014, p.11)

É por apostar nessa diversidade e sustentar que pessoas no espectro autista sejam considerados a partir de suas subjetividades que analistas, estudantes e interessados se reúnem para fazer essa discussão. É um convite à comunidade para colocarmos em debate as contribuições da psicanálise para o tratamento do sujeito autista, de modo a fazer vacilar o discurso capitalista em questão.

Convidamos: PAULA PIMENTA