09 set - 2025 • 19:00 > 25 nov - 2025 • 21:00
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PARTICIPE DA AULA ABERTA E GRATUITA: terça, 02/09 às 19h BRT
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As aulas são ao vivo e as gravações ficam disponíveis por 30 dias. Emitimos certificado de participação. Descontos especiais para ex-alunas/os do astrolabio, estudantes universitários e pessoas acima de 65 anos.
SOBRE A OFICINA:
Em O Método Albertine, Anne Carson anota no fragmento 38: “Essa multiplicidade figurativa de Albertine evolui gradualmente a uma multiplicidade plástica e moral. Albertine não é um objeto sólido. É impossível conhecê-la. Quando Marcel aproxima o rosto para beijá-la, ela se desdobra em dez Albertines sucessivas.” Com essa descrição, fica claro que Albertine, uma das personagens centrais de Em busca do tempo perdido, de Marcel Proust, existe, antes de tudo, para o narrador e também para o leitor deste livro infinito, como um fantasma. A sua consistência etérea, onírica, irreal, também se denuncia em outros fragmentos do livro de Anne Carson, por exemplo, quando ela ressalta a obsessão romântica e a fascinação do narrador Marcel por uma imagem à qual ele sempre retorna, aquela de Albertine entre suas amigas desfilando contra a linha do mar de modo a compor, com seus movimentos de valsista e sua indiferença pelo resto da humanidade, uma série fluida e fugitiva que se imprime em sua mente como um “friso decorativo”, mais uma vez, reforçando o fato de que Marcel se apaixona por uma imagem, um fantasma em movimento vindo de alhures que não cessa de se metamorfosear e fugir diante de seus olhos hipnotizados pela beleza da variação; como se ele estivesse diante da célebre série das Nymphéas, essas flores eróticas exaustivamente pintadas por Monet e admiradas por Proust. Anne Carson também não deixa de lembrar as semelhanças existentes entre Albertine e Ofélia, belo fantasma feminino cuja morte precoce e trágica segue assombrando o imaginário artístico e literário.
O “método Albertine” de que fala Anne Carson deixa intuir aquele que talvez seja o método proustiano por excelência: o Método Fantasma. Porque tudo, no vasto mundo proustiano, é fantasma, ou seja, existe de dentro e apesar da morte – assim são os instantes de felicidade trazidos pelas impressões sensíveis, as horas mortas que ressuscitam e abrem o tempo presente; assim é também o objeto de desejo do (ele mesmo fantasmático e misterioso) narrador Marcel, Albertine, que ele gosta de ver adormecida, como se ela estivesse morta e ele então pudesse capturá-la em definitivo. Por outro lado, assim que faz dela sua prisioneira, ela passa a entediá-lo, pois uma imagem, tal qual uma borboleta livre e errante, ao ser capturada resta perdida para sempre, perdido está o seu encanto, o charme duplo de seu voo tanto de vida quanto de morte. Eis a beleza a um só tempo exuberante e trágica das imagens e das mulheres que existem como imagem, possuí-las é imediatamente ser possuído. Não por acaso, a confusão do narrador ao receber um bilhete, após a morte violenta de Albertine, toca as fronteiras do delírio, fazendo com que ela se transforme, literalmente, num fantasma que fala de dentro da morte. “Você me julga morta mas estou viva e querendo ver você!”, diz ela, ou melhor, sussurra o fantasma.
Nessa oficina longa com espaço para exercícios de escrita, o sopro ou a aura dos fantasmas é que nos conduzirá pela superfície movediça da obra-desejo que é Em busca do tempo perdido. Vamos fazer uma leitura guiada de passagens previamente selecionadas dos sete volumes que compõem essa “epopeia da alma”, como a definiu Auerbach, diante das quais algo em nós desmorona, como “as paredes abaladas” da memória do narrador que cedem com o irromper das horas felizes que acreditávamos mortas para sempre. Vamos perseguir esses clarões textuais atravessados por outros livros essenciais, como O método Albertine, de Anne Carson, e por uma emoção intensa, aquilo que Barthes chamou o páthos como força de leitura onde a literatura coincide “com um dilaceramento emotivo, um ‘grito’; diretamente no corpo do leitor”. Eis que o Método Fantasma, ao nos lançar no reino dos anacronismos e das sobrevivências proustianas, nos faz experimentar – em abandono – a doce aflição ou a violenta alegria da experiência retorcida e histérica, que é tocar a morte para intensificar a vida.
PROGRAMA DAS AULAS
Módulo 1 | Infância: o despertar e o tempo reencontrado
Módulo 2 | Desejo: os romances impossíveis da Recherche
Módulo 3 | Morte: o “meio da vida”, luto e desejo, perda e obra
MAURA VOLTARELLI é crítica literária, professora e pesquisadora com mestrado e doutorado em Teoria e História Literária pela UNICAMP, e pós-doutorado em Teoria Literária e Literatura Comparada pela USP. É autora dos livros de crítica literária O Sequestro da Ninfa (2024), sobre a obra de Carlos Drummond de Andrade, e Amar, depois de perder: uma poética da Ninfa (2021), além do livro de poemas Nymphé e outros poemas (2014) e de diversos artigos sobre literatura brasileira, teoria e crítica literária e artes visuais. Atualmente, realiza um segundo pós-doutorado na Unicamp, com pesquisa sobre as expressões da histeria na literatura brasileira, onde também dá aulas.
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