"No contexto de tamanha violência estrutural, como foi possível imaginar que uma vida bela é possível? Ainda mais impensável era a ideia de que alguém poderia criá-la, não no futuro, mas agora" [Saidiya Hartman] 

Esse é o ponto de partida para esta oficina de leitura e escrita de verão, que acontece em três encontros e que vamos pensar quais são as formas que podemos exercitar a beleza como método? como podemos nos inserir no tempo/espaço e criar no intervalo da impossibilidade, na síncope do mundo, no ir e vir do batuque, do samba, da capoeira, da escrita que atravessa séculos e permanece enquanto memória e direito a sermos lembrados e celebrados. 

Quando chega o verão, a celebração, o momento dos corpos na rua, molhados, dançantes. Dos corpos exaustos, dos corpos que se encontram. É dado o momento da encruzilhada. 

Quem escreve e inscreve os nossos corpos agora? Como podemos fabular encruzilhadas e novos caminhos para as nossas existências a partir das nossas memórias, da inscrição do nosso corpo no mundo e da escrita?

Essa oficina traz exercícios de leitura e escrita, debates e reflexões sobre os diferentes jeitos de trabalhar a imaginação radical para o futuro - e para o agora. Atuamos com situações específicas, para o destravamento do texto, sem, necessariamente, ter um enfoque em algum tipo específico de gênero textual, trabalhando com trechos de contos, crônicas, poemas, romances, ensaios, performances, etc. 

Os encontros trazem reflexões, exposição, debate e, sempre, exercícios práticos, leitura e escuta crítica. 

Objetivo

Vamos começar, juntes, o ano de 2025 e este verão, uma investigação de fabulação crítica acerca da recriação de imaginação radical, encontrando as encruzilhadas dos textos, os corpos dos textos e os encontros. O curso estimula a produção de textos de diferentes gêneros, bem como leitura crítica. 

Por meio de exercícios de escrita, leitura crítica e debates, os encontros vão explorar como a escrita pode ser um espaço de resistência, memória e celebração. A proposta atravessa gêneros literários e artísticos, inspirando a criação no espaço do possível dentro das impossibilidades.

O que você encontra?

Exercícios criativos: Propostas de escrita orientadas por temas como corpo, memória e linguagem.

Interação e troca: Espaço para leitura e feedback dos textos produzidos.

Materiais exclusivos: Textos de apoio, referências literárias e sugestões de leitura.

Entre síncopes e possibilidades

O mundo como encruzilhada: memórias, ritmos e corpos. Neste primeiro encontro, vamos introduzir a ideia de encruzilhada como espaço de criação e encontro.O que resta nas entrelinhas do mundo que pode ser transformado em narrativa?  Como cada um pode olhar para si e identificar narrativas possíveis, 

• Atividades:

• Leitura compartilhada de trechos de autores como Saidiya Hartman, Luis Antônio Simas, Conceição Evaristo, Christina Sharpe, Jota Mombaça, Danez Smith, Octavia Butler, entre outros.
  Debate sobre o papel da memória e do corpo na escrita.

• Exercício prático: Identificar e escrever a partir de um momento de ruptura (síncope) nas próprias vivências.

Corpos-texto e a beleza como método

Inscrever a escrita no mundo a partir do próprio repertório de vida. Neste encontro, explorar como a escrita pode ser um lugar de memória e celebração.Como podemos e fabular futuros a partir da beleza e não mais do fetiche pela dor?

• Atividades:

• Análise de textos e performances que celebram corpos dissidentes e suas histórias.

• Leitura de trechos de poemas e crônicas que trabalham a beleza como resistência.

• Exercício prático: Criação de um texto curto que fabule um encontro impossível, um momento de celebração em meio ao caos.

Imaginações radicais para o agora e o futuro

Fabular caminhos e construir possibilidades. Vamos, neste encontro, concluir a oficina com a criação de textos que explorem novos futuros possíveis. Como criar mundos possíveis no agora?

• Atividades:

• Exposição sobre a imaginação radical e seus desdobramentos na escrita contemporânea.

• Dinâmica de escrita coletiva: Criação de textos que dialoguem entre si, como vozes que se encontram na encruzilhada.

• Leitura crítica e roda de escuta dos textos produzidos durante o curso.

Metodologia:

• Exercícios práticos, leitura crítica, escuta ativa e rodas de conversa.

• Uso de textos diversos (poemas, contos, crônicas, ensaios) e outras expressões artísticas como disparadores.

Os participantes sairão do curso com uma bagagem de reflexões e produções textuais inéditas, além de ferramentas para continuar explorando a escrita como espaço encruzilhada.

Sugestões de bibliografia (não é necessário ler previamente, são sugestões de leitura) 

Vidas rebeldes, belos experimentos (Saidiya Hartman) 

Perder a mãe (Saidiya Hartman) 

Notas Ordinárias (Christina Sharpe) 

Febre de Carnaval - Yulliana Ortiz Ruano

Exuzilhar (Cidinha da Silva) 

Um Exu em Nova York (Cidinha da Silva)

Tecnologias ancestrais de produção de infinitos (Cidinha da Silva)

Não vão nos matar agora (Jota Mombaça) 

Não digam que estamos mortos (Danez Smith)

Améfrica

Tecnologias Ancestrais de Produção de Infinitos 

Inferninho - Natasha Felix 

O Coice da Égua - Valeska Torres 

Osso de Baleia - Lorena Otero

A casa na rua mango - Sandra Cisneros

O corpo dela e outras farras - Carmem Maria Machado

Macala _ Luciany Aparecida

Mata Doce - Luciany Aparecida

Virgínia Mordida - Jeovanna Vieira 

um ebó di boca y otros [silêncios] (Tatiana Nascimento) 

Água de Barrela (Eliana Alves Cruz)

Um Céu para bastardos (Lilia Guerra) 

Performances do tempo espiralar (Leda Maria Martins) 

A terra dá, a terra quer (Nego Bispo) 

As coisas que perdemos no fogo - Mariana Enriquez

Baixo Paraíso - Isabella Andrade 

Las Voladoras - Monica Ojeda 

Rinha de Galo - Maria Fernanda Ampuero