LAB: Por que crioulizar?" - mestiçagem y colonialidade a partir de Édouard Glissant

Por Haroldo Saboia y zeca carú de paula

Este Laboratório de conversações e leituras da obra de Edouard Glissant tem por objetivo  um convite para que fiquemos junto dos tremores poéticos desse poeta e conjurador de outros mundos possíveis, é destinar para nós outras narrativas, ainda ynymagynáveys, a respeito do que pode vir a ser a vida para além das artimanhas e anseios coloniais.

Glissant, poeta e conjurador de errâncias martinicano, fruto caribenho, insiste em suas obras em uma cartografia minuciosa da colonialidade ao passo que o faz em fuga, como quem fica com o muro para atravessá-lo, como quem reconhece que é preciso se perceber em relação com o que se quer ir além para enfim fazê-lo.

Neste Laboratório vamos juntes navegar as poéticas e as proposições de  Glissant  a respeito do que o mesmo convoca por Crioulização, tecendo a importância deste dizer para ficarmos com as questões advindas do projeto colonial da mestiçagem no contexto tido por brasileiro, bem como especular saídas dignas, fugas y recusas das artimanhas e promessas dessa política de aniquilação da diferença, que a ‘’mestiçagem à brasileira’’ se empenha em viabilizar.

E por que a crioulização e não a mestiçagem? Porque a Crioulização é imprevisível, ao passo que poderíamos calcular os efeitos de uma mestiçagem. (...) Ao contrário da mestiçagem, a crioulização rege a imprevisibilidade; ela cria nas Américas microclimas culturais e linguísticos absolutamente inesperados, lugares nos quais as repercussões das línguas umas sobre as outras, ou das culturas uma sobre as outras, são abruptas. p. 20 - 21; Introdução a uma poética da diversidade

Um convite para adentrarmos as propostas poética do autor em ato, junto delas, sem a pretensão de dizer delas, sendo essa a maneira mais ética de ficar com a sua obra. Um laboratório para corpas interessadas em mergulhar nesse mar vasto de vidas conjuradas e sonhadas por um corpo que se dedicou ao rasgo da verdade, convidando a coragem da vida para darem a medida da coisa toda, de todo-o-mundo, e marcar a distância do totalitarismo colonial.

Este laboratório é destinado a todas as pessoas interessadas na obra do autor e nas encruzilhadas que uma política de aniquilação da diferença como a Mestiçagem convoca. Conjurando um espaço de fabulação de recusas que se fazem desde os meandros da ferida colonial, e desde aí conjurar novas fugas ynymagynáveys.

Cronograma:

1° encontro

- Como chegamos: Partilha de como se chega como convite a uma implicação na relação que o laboratório convoca.

- Leitura coletiva de proposições sobre a crioulização como disparadora para o estado de conversação.

2° encontro

- Ficar junto da relação, dizer com ela e não mais sobre ela; especular os rastros da crioulização que navegam a realidade da política de mestiçagem

- Feytyço: um convite a implicação e encerramento do agrupamento efêmero - laboratório

IDEALIZAÇÃO E FACILITAÇÃO:

zeca carú de paula: Navega pela exystêncya como feytyceyro, multi-artista, poeta, conjurador de ynymagynáveys e promovedor de saúde. É Psicólogo clínico (CRP: 06/136173),  Mestre e Doutorando em Psicologia clínica pela PUC - SP, compondo o núcleo de subjetividades, pesquisando a construção de espaços clínicos  que se fazem além do tempo colonial, a partir da anunciação de memórias do território-cidade-corpo, como as águas, os ventos, as madeiras, a terra. Compõe o bando biodiverso CARUARÊ, construindo uma pesquisa de praticas coletivas que conjurem possibilidades de se viver junto em tempos de necropolítica . É autor do livro ‘’Ynundação (um conjuro) de 2022.

Haroldo Saboia é cearense, artista visual, pesquisador e cineasta. Sua pesquisa artística concentra-se nas ideias de relação, alteridade, memória e clínica. É mestre em Psicologia Clínica no Núcleo de Subjetividades da PUC -SP onde pesquisou estratégias ficcionais da memória para elaborar a relação entre o embranquecimento e as noções de mestiçagem. Atualmente, realiza projetos interdisciplinares entre cinema, música, artes visuais e dança, dedicando-se às questões da oralidade, do som e da espiritualidade. Já apresentou suas obras em galerias privadas e instituições públicas no Brasil e em diversos países.

INFORMAÇÕES:

Datas e horários: 11/11 + 12/11, das 19h às 21h30

Valores conscientes, você paga o quanto pode no momento!

Opção 01 - Mínimo: R$60

Opção 02 - Intermediario: R$80

Opção 03 - Ideal: R$100

Social: R$45 (opção disponível para mulheres negras, indígenas pessoas trans e pcds)

BOLSA INTEGRAL: se você quer fazer este curso mas não dispõe de recursos financeiros no momento, mande um e-mail para [email protected] contando um pouquinho de você e como esse conteúdo pode ser importante <3

Curso online e ao vivo, via plataforma Zoom

Todas as aulas são gravadas e disponibilizadas para quem estiver inscrite (vídeo disponível no drive por um mês após a realização do curso)

Emissão de certificado de participação para quem assistir às aulas ao vivo.

Classificação indicativa: 18 anos