Gabriela Schumann é mestre e recém-doutora em literatura pela Universidade de São Paulo (FFLCH-USP), onde pesquisou um romance do autor escocês contemporâneo Ken MacLeod e os mecanismos de controle que encontramos tanto no romance quanto em nosso mundo atual. Atua como tradutora audiovisual e professora, oferecendo cursos sobre literatura de ficção científica e a relação entre literatura e sociedade.

Mariana Luppi é mestre e doutoranda em literatura pela Universidade de São Paulo (FFLCH-USP), onde pesquisa ficção científica, em particular a obra de Ursula K. Le Guin e suas relações com a sociedade da época. Integra os estudos sobre ficção científica com pesquisas sobre capitalismo, feminismo e filosofia da ciência. 

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Horário síncrono: 19h30 - 21h30 (Horário de Brasília) 

Datas das aulas:  07, 14, 21 e 28 de outubro

Gravação disponível até: 30/11 e 31/12 (Clube da Livre)

Via Google Meet - aulas ficam gravadas

Este curso visa compreender a literatura de ficção científica a partir de alguns de seus momentos-chave, a cada aula realizando a análise atenta de um conto que ilustra as características do período.

Aula 01 (07/10) – A Era de Ouro (início do século XX)

Embora não haja consenso sobre quando se inicia esse período – e nem sobre quando se inicia a ficção científica em si –, ele é por vezes considerado o início da ficção científica moderna. Sua denominação de “era de ouro” já nos traz uma pista sobre a importância alocada à produção da época. Ao contextualizá-la, iremos também ler o conto “Não É a Última Palavra", de Isaac Asimov, para tentar compreender quais eram (e, talvez, quais continuam sendo) consideradas as mais marcantes características do gênero.

Aula 02 (14/10) – A Nova Onda (décadas de 1960 e 1970)

Neste momento é produzida uma literatura de ficção científica mais experimental e tenta-se diminuir o espaço entre a considerada “alta literatura” e a ficção “de gênero”. Além disso, há maior experimentação também sobre as ciências das quais a ficção científica trata, principalmente com uma maior recorrência da antropologia e outras ciências humanas. Além da contextualização, onde incluiremos menção a alguns dos autores mais conhecidos da época, analisaremos o conto “A Solução da Mosca da Bicheira”, de James Tiptree Jr.

Aula 03 (21/10)  – Cyberpunk (décadas de 1908 e 1990)

Embora tenha sido uma época em que estava sendo produzida literatura de ficção científica de diferentes subgêneros, o cyberpunk é a forma que mais se encaixa numa época de expansão desenfreada do neoliberalismo, característica mais marcante dos governos Reagan nos Estados Unidos e Thatcher no Reino Unido. Além da contextualização sócio-política do período, iremos ler o conto “Queimando Cromo", de William Gibson, que fez uso de características formais que ajudam a retratar as dinâmicas que estavam ocorrendo no período.

Aula 04 (28/10) – Novas Tendências (século XXI)

Em nossa última aula iremos pensar um pouco sobre o contexto da ficção científica em nossos dias, a partir do início do novo milênio. Trataremos de alguns dos mais importantes e mais inovadores autores contemporâneos e iremos ler “O Gerente da Plantação de Quadros de Bicicleta Tornou-se Redundante", de Ken MacLeod, como forma de destrinchar essas tendências como aparecem na literatura.

BIBLIOGRAFIA

CONTOS:

(na ordem das aulas)

ASIMOV, Isaac. “Não é a última palavra!” In: CLARKE, Arthur C. A Sonda do Tempo. Lagoa: Nova Fronteira, 1966.

TIPTREE JR., James (SHELDON, Alice B.). "A Solução da Mosca da Bicheira". In: VANDERMEER, Ann; VANDERMEER, Jeff (orgs.). Irmãs da Revolução. São Paulo: Aleph, 2023.

GIBSON, William. "Hotel New Rose". In:______. Neuromancer. São Paulo: Aleph, 2014. Ed. especial de 30 anos.

MACLEOD, KEN. "The Bicycle-Frame Tree Plantation Manager’s Redundancy". In: DALKIN, Gary. Improbable Botany. London: Wayward, 2017.

APORTE TEÓRICO:

BOULD, Mark; et al. "Voices on the Boom". Science Fiction Studies, Vol. 30, No. 3, The British SF Boom (Nov., 2003), p. 483-491.

BUSCH, Willian P. História da ficção científica nos Estados Unidos do herói cientista de John W. Campbell ao herói antropólogo de Ursula Kroeber Le Guin. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em História. Curitiba: UFPR, 2019.

DOCTOROW, Cory. "Science Fiction is a Luddite Literature". Locus, Oakland, n. 732, jan. 2022. Disponível em: https://locusmag.com/2022/01/cory-doctorow-science-fiction-is-a-luddite-literature/#:~:text=From%201811%2D1816%2C%20a%20secret,backwards%2C%20anti%2Dtechnology%20reactionaries. Acesso em 03/06/2024.

DOUGHERTY, Stephen. “The Dangerous Rays of the Future: Democracy, Media, Science Fiction”. Science Fiction Studies, Vol. 40, No. 3 (November 2013). Greencastle: DePauw University, 2013. 

FREEDMAN, Carl. Critical Theory and Science Fiction. Middletown, Connecticut: Wesleyan University Press, 2000. 

JAMESON, F. Arqueologias do futuro: O desejo chamado Utopia e outras ficções científicas. São Paulo: Autêntica, 2021.

JAMES, Edward; MENDLESOHN, Farah. The Cambridge Companion to Science Fiction. Cambridge: Cambridge University Press, 2003.

MOYLAN, Tom. (Ed. BACCOLINI, Raffaella). Demand the impossible: science fiction and the utopian imagination. Bern: Peter Lang, 2014.

OKORAFOR , Nnedi. “Africanfuturism Defined”.  Nnedi's Wahala Zone Blog, out. 2019. Disponível em: https://nnedi.blogspot.com/2019/10/africanfuturism-defined.html. Acesso em 03/06/2024

ROBERTS, Adam. A verdadeira História da Ficção Científica: do preconceito à conquista das massas. São Paulo: Seoman, 2018.

SHIVA, Vandana. “The Violence of Reductionist Science”. Alternatives: Global, Local, Political, n. 12. Sage Publications, 1987.

SUVIN, Darko. Metamorphosis of Science Fiction. New Heaven: Yale University Press, 1979.

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