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Há esperança, mas não para nós? Dostoiévski, Kafka e a vida como cárcere

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Há esperança, mas não para nós? Dostoiévski, Kafka e a vida como cárcere

14 ago - 2021 • 11:00 > 04 set - 2021 • 13:00

Evento Online via Zoom
Evento encerrado

Há esperança, mas não para nós? Dostoiévski, Kafka e a vida como cárcere

14 ago - 2021 • 11:00 > 04 set - 2021 • 13:00

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Descrição do evento

Há esperança, mas não para nós? Dostoiévski, Kafka e a vida como cárcere

Prof. Dr. Flávio Ricardo Vassoler

Quando: 14/08, 21/08, 28/08 e 04/09/21, sábados, das 11h às 13h (horário de Brasília). 

Onde: o curso será oferecido pela plataforma Zoom. Para assistir às aulas, será preciso fazer um cadastro gratuito no Zoom (clique aqui) e baixar o programa, também gratuitamente, em seu celular ou computador. O link para a sala de aula será enviado para os/as inscritos/as, por e-mail, até o dia 12/08/21, antevéspera do início do curso. 

Observações:

1. As aulas serão ministradas ao vivo. Quem não puder assistir às aulas em tempo real terá acesso às gravações. Bastará enviar um e-mail para o professor (within_emdevir@yahoo.com.br), após a inscrição, para relatar a necessidade de acompanhar as aulas gravadas.

2. Ao fim do curso, será emitido um certificado digital com a discriminação da carga horária total (8 horas). 

3. O curso não pressupõe conhecimento prévio da obra de Fiódor Dostoiévski e da obra de Franz Kafka. Faremos as leituras e análises conjuntamente ao longo das aulas.

4. Quem se inscrever no curso em questão terá acesso a 4 aulas gravadas do curso C<meta http-equiv="Content-Type" content="text/html;charset=UTF-8">onhecendo a fundo as principais obras de Dostoiévskionhecendo a fundo as principais obras de Dostoiévski, também ministrado por mim. 

5. Recomenda-se a leitura de Recordações da casa dos mortos/Escritos da casa morta, de Fiódor Dostoiévski, a partir da tradução feita por Paulo Bezerra e publicada pela Editora 34. Recomenda-se, ademais, a leitura de A pequena fábula, que faz parte do livro Narrativas do espólio, e O processo, de Franz Kafka, a partir das traduções feitas por Modesto Carone e publicadas pela Companhia das Letras/Companhia de Bolso. 

6. Se as vagas do curso se esgotarem e você não conseguir fazer sua inscrição aqui pela plataforma Sympla, envie um e-mail para o professor (within_emdevir@yahoo.com.br), pois você ainda poderá se inscrever para ter acesso às aulas gravadas do curso.  

Sinopse do curso:

O escritor russo Fiódor Dostoiévski (1821-1881) e o autor tcheco Franz Kafka (1883-1924) lograram analisar como poucos as afinidades eletivas (e tétricas) entre os projetos de transformação social da modernidade e o ímpeto autoritário de utopias revertidas em distopias. 

Após ter feito parte do círculo de Petrachévski, um grupo revolucionário que propugnava pela abolição da servidão, o fim da monarquia tsarista e o estabelecimento de uma república socialista na Rússia, Dostoiévski e os correligionários do círculo foram condenados à pena de morte em fins da década de 1840. À iminência do fuzilamento, o tsar comuta a sentença capital e a reverte em longos anos de trabalhos forçados no presídio siberiano eternizado por Dostoiévski em Recordações da casa dos mortos (1860-62). (Em recente tradução para o português feita por Paulo Bezerra e publicada pela Editora 34, a obra saiu com o título de Escritos da casa morta.)

No presídio siberiano, Dostoiévski pôde aguçar sobremaneira suas análises psicológicas por meio do contato tanto com criminosos para quem a dimensão de culpa parecia radicalmente ausente quanto com um modelo autoritário de administração prisional, que, como veremos ao longo do curso a partir de exemplos seminais, despontou para o escritor como uma verdadeira metáfora para a reversão de projetos utópicos, à esquerda e à direita, em rematadas distopias. 

Da vida encalacrada no cárcere, em Dostoiévski, chegaremos à vida como cárcere, em Franz Kafka, para quem, em um aforismo tão enigmático quanto tétrico, "há esperança, esperança infinita, mas não para nós". É assim que, tanto em A pequena fábula (~1920) quanto no romance O processo (publicação póstuma em 1925), Kafka nos traz imagens de presídios que já não precisam, necessariamente, de grades e muros encimados por arame farpado para se constituírem, uma vez que a onisciência e a onipresença do poder se insinuam nos locais mais inusitados para acossar os réus/virtuais condenados, cujos destinos trágicos tornam equivalentes vida e culpabilidade. 

Dostoiévski e Kafka não foram contemporâneoS do radical recrudescimento dos movimentos autoritários à direita, com o nazifascismo, e à esquerda, com o stalinismo. (Kafka faleceu em meados da década de 1920, sendo contemporâneo do ditador fascista italiano Benito Mussolini no poder, mas não do ditador nazista Adolf Hitler e do ditador soviético Ióssif Stálin.) Ainda assim, suas análises histórico-literárias a partir do presídio siberiano e das imagens da onipresença do poder no jogo entre gato e rato (A pequena fábula) e na sina de Josef K. (O processo) nos fazem pensar tanto sobre o crepúsculo da utopia quanto sobre a perda do horizonte de expectativas e significação do mundo por parte das personagens acossadas.

Estrutura das aulas [sábados, das 11h às 13h (horário de Brasília)]:

Aula 1 (14/08/21): Recordações da casa dos mortos/Escritos da casa morta como a mais radical experiência dostoievskiana de imersão no autoritarismo. A partir não apenas da rotina de trabalhos forçados a que os detentos eram submetidos, mas também da vida totalmente administrada pela burocracia prisional e da impossibilidade de privacidade e desenvolvimento da subjetividade, veremos como Dostoiévski logrou discernir no presídio siberiano uma síntese do autoritarismo que poderia despontar, à esquerda e à direita, nos projetos utópicos de transformação radical da sociedade. 

Aula 2 (21/08/21): Há esperança, mas não para nós? Dostoiévski, Kafka e a (im)possibilidade de redenção. A partir de um diálogo entre a imagem da ampulheta humana, que se relaciona a um castigo sumamente sádico aplicado aos detentos siberianos em Recordações da casa dos mortos/Escritos da casa morta, e A pequena fábula, de Franz Kafka, veremos como o pátio da prisão para trabalhos forçados e o jogo de gato e rato kafkiano configuram metáforas para a (im)possibilidade de redenção humana. 

Aula 3 (28/08/21): De um certo papel liberal do dinheiro, na casa dos mortos dostoievskiana, ao universo kafkiano como totalitarismo onisciente e onipresente. Em Recordações da casa dos mortos/Escritos da casa morta, Dostoiévski entrevê um papel algo liberal do dinheiro (seja a moeda corrente e sonante, sejam os cigarros que fazem as vezes do dinheiro tradicional), na medida em que ele pôde mediar a expressão do desejo como posse da própria personalidade para além da rotina imposta pela administração prisional. Haveria, então, uma nesga de subjetividade em meio à casa dos mortos. Em O processo, por sua vez, Kafka leva às últimas consequências a onisciência e a onipresença das instâncias de poder contra o indefeso e combalido Josef K., que sequer sabe - ou, pior, sequer pode saber - por que está sendo processado. Dos logradouros mais inusitados - rente à cama, pela manhã, no almoxarifado do trabalho ou na sacristia, agentes despontam como os mil olhos e tentáculos do tribunal tão ubíquo quanto inacessível para o réu. Veremos, então, como, de Dostoiévski para Kafka, a literatura e a história enfrentam um estreitamento radical do horizonte de significação e expectativa em relação ao mundo. 

Aula 4 (04/09/21): Dostoiévski, o discurso da servidão voluntária e o medo da liberdade; Franz Kafka e o homem do campo, que, diante da lei, à justiça não consegue recorrer e do justiçamento não consegue escapar. Em Recordações da casa dos mortos/Escritos da casa morta, Dostoiévski nos conta a história de um detento, que, durante duas décadas, seguira, fielmente, todas e cada uma das normas da administração prisional, por mais draconianas que elas se mostrassem. Súbito, à iminência de se ver livre da prisão siberiana, o detento exemplar, qual um raio em céu azul, se rebela contra os carcereiros e incorre em novos crimes. A argúcia psicológica de Dostoiévski discerne tanto o discurso da servidão voluntária/medo da liberdade quanto a dimensão de uma posse da própria personalidade, por meio de um desejo que seja efetivamente subjetivo, ainda que o eu naufrague com a própria vontade. No capítulo "Diante da lei", que integra o romance O processo, Kafka como que reedita tal história dostoievskiana, de modo a vincular vida e punição, vida e cárcere. 

Sobre o professor: 

Flávio Ricardo Vassoler, escritor, professor e youtuber, é doutor em Letras (Teoria Literária e Literatura Comparada) pela Universidade de São Paulo (USP), com pós-doutorado em Literatura Russa pela Northwestern University, que fica em Evanston, nos Estados Unidos. Durante o mestrado, realizou um curso de língua russa e pesquisas bibliográficas junto à Universidade Russa da Amizade dos Povos, que fica em Moscou, na Rússia. É autor do romance O evangelho segundo talião (nVersos, 2013); do livro de ensaios e aforismos sobre cinema, literatura e teoria social Tiro de misericórdia (nVersos, 2014); do livro-tese Dostoiévski e a dialética: fetichismo da forma, utopia como conteúdo (Hedra, 2018); do livro de crônicas, ficções e ensaios Diário de um escritor na Rússia (Hedra, 2019); e do romance de formação em diálogos Metamorfoses, os anos de aprendizagem de Ricardo V. e seu pai (Nômade, fiel como os pássaros migratórios, 2021). É colunista do site Brasil 247, para o qual escreve ficções, semanalmente, sobre sua experiência nômade no continente europeu. Colabora, periodicamente, para o caderno literário "Aliás", do jornal O Estado de S. Paulo; para o caderno "Ilustríssima", do jornal Folha de S.Paulo; e para as revistas Carta CapitalVeja Piauí. Canal no YouTube: clique aqui.

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Sobre o produtor

Prof. Dr. Flávio Ricardo Vassoler

Flávio Ricardo Vassoler, escritor, professor e youtuber, é doutor em Letras pela USP, com pós-doutorado em Literatura Russa pela Northwestern University (EUA). É autor de, entre outros, "Dostoiévski e a dialética: fetichismo da forma, utopia como conteúdo" (Hedra, 2018) e "Diário de um escritor na Rússia" (Hedra, 2019). Colabora, periodicamente, para os jornais "O Estado de S. Paulo" e "Folha de S.Paulo"; e para as revistas "Carta Capital", "Veja" e "Piauí".

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