Dos impasses na clínica aos passos na formação do psicanalista

“O que se segue é especulação, às vezes especulação extremada, que cada um pode apreciar ou dispensar, conforme a atitude que lhe for própria. É, além do mais, uma tentativa de explorar consequentemente uma ideia, por curiosidade de ver aonde levará.”
(Freud, Além do princípio do prazer, Cia. das Letras, p.184) 

Informações Gerais

• Datas: 6, 13, 20 e 27 de novembro de 2025
• Horário: das 19h30 às 21h00
• Modalidade: online. Após a inscrição um link será enviado em até dois dias antes da primeira aula.
• Gravação: será disponibilizada durante o período do curso até uma semana depois da finalização do mesmo sem possibilidade de prorrogação desse prazo.
• Vagas Reparatórias: exclusivas para pessoas negras, trans e travestis.
• Dúvidas: [email protected]

Apresentação

Nesses quatro encontros, será proposta uma articulação entre os impasses com os quais nos defrontamos em nossa prática clínica, as questões teóricas daí decorrentes, e os desafios encontrados na transmissão da psicanálise e na formação do psicanalista. Se as críticas dos movimentos feminista, LGBTQIAP+ e antirracista interrogaram o estatuto da teoria psicanalítica e propuseram sua contextualização sócio-histórica; se, em seguida, foi necessário recolocar em jogo o lugar da psicopatologia em nossa escuta; e se, por fim, nos atribuímos a tarefa de repensar o lugar social do psicanalista, talvez seja inevitável agora propor alternativas a um modelo de formação inteiramente atrelado a tudo aquilo que criticamos. Para tanto, será preciso considerar de modo rigoroso os impactos das transformações da teoria e da prática sobre a nossa própria experiência com analistas.

 Programa

Primeiro encontro – 6 de novembro (19h30 às 21h00)

Tema: Os psicanalistas que somos

• Inventário de problemas: impasses da clínica e da formação.
• A implicação entre técnica, formação e movimento psicanalítico.
• Em busca de princípios e fins de uma análise.
• Em que momento um psicanalista começa a agir como tal – e quando não é capaz de fazê-lo.
• Percursos clínicos e formativos: reflexões francas.
• Definições mínimas do que seja a psicanálise.
• Mas o que faz um psicanalista?

Segundo encontro – 13 de novembro (19h30 às 21h00)

Tema: Equilibrando-se num tripé – Parte 1: A teoria e seu lugar em nossa prática cotidiana

• A teoria como elaboração (mas de quê?).
• Novas matrizes clínicas.
• Novos ambientes culturais.
• Novos analistas, com outras experiências subjetivas e outros lugares sociais.
• O limite da teoria: o dilema do que está além da razão, da linguagem e de nós mesmos.

Terceiro encontro – 20 de novembro (19h30 às 21h00)

Tema: Equilibrando-se num tripé – Parte 2: A supervisão sob controle

• De onde surge a demanda pela supervisão?
• A solidão do analista e o risco narcísico.
• O outro de uma análise (que não seja outra análise).
• Quando a supervisão é oferta, exigência ou imposição.
• Filiação, hierarquia e assimetria.
• Perspectivas: outro olhar, outra escuta.
• O contato com o mundo dos nossos analisantes.

Quarto encontro – 27 de novembro (19h30 às 21h00)

Tema: Equilibrando-se num tripé – Parte 3: Angústias em torno da análise pessoal

• Desejo, necessidade ou imposição?
• O que faço e quem sou: a interrogação constante.
• O entrelaçamento entre ser e fazer.
• A teoria do que faz e pensa o analista e seus efeitos sobre a concepção de psicanálise e de inconsciente.
• A análise pessoal como ferramenta fundamental.
• Inquietações sobre o final de análise e o vínculo com o “ser analista”

 Eduardo Leal Cunha é Psicólogo e Psicanalista. Doutor em Saúde Coletiva (IMS/UERJ) e Mestre em Teoria Psicanalítica (IP/UFRJ).Atualmente é Professor Titular do Dep. de Psicologia e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Sergipe e Pesquisador Associado do CRPMS (Centro de Pesquisas em Psicanálise, Medicina e Sociedade) da Université Paris - Cité. Foi Professor Visitante na Université de Paris VII - Diderot, na Universidad de los Andes (Bogotá, Colômbia) e no Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura da ECO/UFRJ. É membro do EBEP - Espaço Brasileiro de Estudos Psicanalíticos e da Rede Interamericana de Pesquisas em Psicanálise e Política. Publicou recentemente: O político e o íntimo: subjetivação e política, do impeachment à pandemia (Devires, 2021), O que aprender com as transidentidades: psicanálise, gênero e política (Criação Humana, 2021) e, como organizador, as coletâneas A vida depois das mortes: elaborações psicanalíticas da pandemia (2023) e Psicanálise, gênero, fronteiras (2024), ambas pela Editora Devires, onde dirige a coleção