12 jun - 2021 • 11:00 > 03 jul - 2021 • 13:00
12 jun - 2021 • 11:00 > 03 jul - 2021 • 13:00
Da (in)existência de Deus à vontade de potência: Dostoiévski, Nietzsche e o niilismo da modernidade
Prof. Dr. Flávio Ricardo Vassoler
Quando: 12/06, 19/06, 26/06 e 03/07/21, sábados, das 11h às 13h (horário de Brasília).
Onde: o curso será oferecido pela
plataforma Zoom. Para assistir às aulas, será preciso fazer um cadastro
gratuito no Zoom (clique aqui) e baixar o programa, também gratuitamente,
em seu celular ou computador. O link para a sala de aula será enviado para
os/as inscritos/as, por e-mail, até o dia 10/06/21, antevéspera do início do
curso.
Observações:
1. As aulas serão ministradas ao vivo. Quem não puder assistir às aulas em tempo real terá acesso às gravações. Bastará enviar um e-mail para o professor ([email protected]), após a inscrição, para relatar a necessidade de acompanhar as aulas gravadas.
2. Ao fim do curso, será emitido um certificado digital com a discriminação da carga horária total (8 horas).
3. O curso não pressupõe conhecimento prévio da obra de Fiódor Dostoiévski e da obra de Friedrich Nietzsche. Faremos as leituras e análises conjuntamente ao longo das aulas.
4. Se as vagas do curso se esgotarem e você não conseguir fazer sua inscrição aqui pela plataforma Sympla, envie um e-mail para o professor ([email protected]), pois você ainda poderá se inscrever para ter acesso às aulas gravadas do curso.
Sinopse do curso:
Leitor contumaz do escritor russo Fiódor Dostoiévski (1821-1881), que, em 2021, completa 200 anos, o filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900), exímio analista da condição humana, chegou a afirmar que Dostoiévski era "o único psicólogo com quem ainda tenho algo a aprender".
A despeito das vocações parelhas para analisar os cumes e, sobretudo, os vales e cavernas do ser humano, Dostoiévski e Nietzsche tomam caminhos radicalmente antípodas quando se trata de analisar a condição do homem e da mulher modernos a partir do questionamento histórico-filosófico sobre a potencial (in)existência de Deus.
Enquanto o cristão Dostoiévski descobre no niilismo que rompe a ligação do ser humano com a transcendência e a eternidade do espírito e dos valores a fonte primordial para a agonia, o egoísmo narcisico e o ressentimento do homem e da mulher modernos, o ateu Nietzsche considera a morte de Deus a pedra (isto é, a lápide) sobre a qual o super-homem (Übermensch) soerguerá seu reino de afirmação radical desta vida para além do niilismo cristão, que projeta a afirmação da vida em um além-mundo que o filósofo alemão julga inexistente.
O curso colocará o homem do subsolo (Memórias do subsolo, 1864), o príncipe Míchkin (O idiota, 1869), Kiríllov (Os demônios, 1872) e Ivan Karamázov (Os irmãos Karamázov, 1880), personagens seminais de Dostoiévski que sintetizam as tensões modernas em suas trajetórias, ímpetos e agonias, em diálogo com algumas das principais obras de Nietzsche, entre as quais Sobre a utilidade e a desvantagem da história para a vida (1874), A gaia ciência (1882) e Além do bem e do mal (1886), para analisarmos as respostas radicalmente diversas fornecidas pelo escritor russo e o filósofo alemão para a modernidade.
É importante frisar que o curso não demanda conhecimento prévio das obras de Dostoiévski e Nietzsche. Ao longo das aulas, analisaremos conjuntamente os conceitos elencados, de modo a compreendermos como se dão as confluências e tensões entre os dois intérpretes diferenciais das tensões histórico-filosóficas de nossa época.
Estrutura das aulas [sábados, das 11h às 13h (horário de Brasília)]:
Aula 1 (12/06/21): Visões radicalmente antípodas de Dostoiévski e Nietzsche sobre a potencial morte histórica de Deus no século XIX da Revolução Industrial e do cientista inglês Charles Darwin (1809-1882): fonte primordial e agônica do niilismo moderno, para o escritor russo e sua personagem Kiríllov (Os demônios); fonte primordial e vivaz da vontade de potência para o filósofo alemão, em seu aforismo "O homem louco" (A gaia ciência).
Aula 2 (19/06/21): Se Deus não existe, tudo é permitido? Para Dostoiévski e sua personagem Ivan Karamázov (Os irmãos Karamázov), o exílio de Deus implica a erosão de quaisquer bases éticas e a impossibilidade de qualquer refreamento para o narcisismo e o egoísmo humanos. Para Nietzsche, o réquiem de Deus finda a pré-história humana e abre alas para o super-homem (Übermensch), cujos valores e ações estariam Além do bem e do mal.
Aula 3 (26/06/21): Memória e culpa, esquecimento e vontade de potência. Para Dostoiévski e o príncipe Míchkin (O idiota), a memória e a culpa erigem pontes entre a ilha do eu e o continente do outro. Para Nietzsche, em seu ensaio Sobre a utilidade e a desvantagem da história para a vida, esquecimento e vontade de potência são condições mesmas para que o eu, alçado por sobre ilhas e continentes, afirme a vida apesar da morte.
Aula 4 (03/07/21): Vontade de potência, em face da vida; (im)potência da vontade, diante da morte. Para Dostoiévski e o homem do subsolo, (anti-)herói da novela Memórias do subsolo, a vitalidade da vontade de potência se esturrica em ressentimento se não houver uma reconexão do ser com a transcendência. Além do bem e do mal, Nietzsche considera que, fadado à morte, o ser que chegou ao cume de sua força pode (isto é, deve) reger o apagamento de suas próprias luzes: "Porque tudo o que é forte nesta vida vem a fenecer".
Sobre o professor:
Flávio Ricardo Vassoler, escritor, professor e youtuber, é doutor em
Letras (Teoria Literária e Literatura Comparada) pela Universidade de São Paulo
(USP), com pós-doutorado em Literatura Russa pela Northwestern University, que
fica em Evanston, nos Estados Unidos. Durante o mestrado, realizou um curso de
língua russa e pesquisas bibliográficas junto à Universidade Russa da Amizade
dos Povos, que fica em Moscou, na Rússia. É autor do romance O
evangelho segundo talião (nVersos, 2013); do livro de ensaios e
aforismos sobre cinema, literatura e teoria social Tiro de
misericórdia (nVersos, 2014); do livro-tese Dostoiévski e a
dialética: fetichismo da forma, utopia como conteúdo (Hedra, 2018); do livro de crônicas, ficções e ensaios Diário de um escritor na
Rússia (Hedra, 2019); e do romance de formação em diálogos Metamorfoses, os anos de aprendizagem de Ricardo V. e seu pai (Nômade, fiel como os pássaros migratórios, 2021). Colabora, periodicamente, para o caderno
literário "Aliás", do jornal O Estado de S. Paulo; para o
caderno "Ilustríssima", do jornal Folha de S.Paulo; e
para as revistas Carta Capital, Veja e Piauí. Canal
no YouTube: clique aqui.
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Prof. Dr. Flávio Ricardo Vassoler
Flávio Ricardo Vassoler, escritor, professor e youtuber, é doutor em Letras pela USP, com pós-doutorado em Literatura Russa pela Northwestern University (EUA). É autor de, entre outros, "Dostoiévski e a dialética: fetichismo da forma, utopia como conteúdo" (Hedra, 2018) e "Diário de um escritor na Rússia" (Hedra, 2019). Colabora, periodicamente, para os jornais "O Estado de S. Paulo" e "Folha de S.Paulo"; e para as revistas "Carta Capital", "Veja" e "Piauí".
Os dados sensíveis são criptografados e não serão salvos em nossos servidores.

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