Autoficção em séries de TV: o íntimo como enredo e disrupção

Data: 9/10 a 30/10 (4 encontros)

Quartas, das 19:30 às 21:30.

Local: Zoom (plataforma gratuita)

Investimento: 360,00

Para pagamentos via pix, com 10% de desconto, enviar email para muitoalemdoroteiro@gmail.com

A autoficção tem se consolidado em mídias e mercados distintos, despertando a atenção de uma audiência cada vez mais ávida por narrativas que pareçam únicas e autênticas. Fenômeno muito estudado na literatura, as semi-autobiografias aparecem cada vez mais na TV, com diversas séries de sucesso que trazem características narrativas, estéticas, temáticas e representacionais que estão atravessadas pela escrita autoficcional. É o caso da premiada Master of None, das disruptivas I May Destroy You e Atlanta, e da produção de nicho com alta aclamação da crítica estadunidense Better Things. Todas trazem autores-roteiristas-atores que se inspiraram em suas vivências e questões identitárias para escrever séries que apresentam modos outros de narrar - seja por subverter estereótipos, trazer experimentações estéticas ou hibridizar gêneros e técnicas para criar séries que dessem conta de narrar suas questões subjetivas, que foram invisibilizadas pelas produções hegemônicas. Nesse curso, faremos uma análise histórica, sociocultural e narrativa do fenômeno da autoficção nas séries de TV. Partiremos de um panorama de mais de 90 séries semi-autobiográficas para debater como tais narrativas surgiram na televisão, e quais enfoques temáticos e narrativos foram apresentados ao longo das décadas. Faremos análises de caso para entender como, hoje, predominam nas séries de autoficção americanas e britânicas, a abordagem da semi-autobiografia ultrapersonalista: foco no íntimo de seus autores-protagonistas, trazendo estruturas e técnicas narrativas que colocam o subjetivo, o identitário e o realismo em primeiro plano. 

Programação do curso:

2/10- Aula 1-  A autoficção e as séries de TV: teoria, histórico, proliferação no mercado e desdobramentos sociopolíticos

- Autoficção e narrativas do eu: teorias e definições 

- Catalogando as semi-autobiografias televisivas: de The Dick Van Dyke Show (1961) a Bebê Rena (2024) 

- Fase I. Surgimento (1961-1999): showbusiness, metareferencialidade e comediantes consolidados 

- Fase II. Consolidação (2000-2015): modernização e ultra personalismo alavancados por Girls e Louie 

- Fase III. Espraiamento (2015-presente): semi-autobiografia ultrapersonalista e contemporaneizações temáticas e narrativas

9/10-Aula 2- A semi-autobiografia ultrapersonalista: auteur, nicho, identidade e autenticidade (Análise de caso: Better Things)

- A busca pela experiência vicária, a demanda por autorização discursiva e a proliferação da visão realista 

- Better Things: feminismo, maternidade e a experiência vivida e narrada em 1a pessoa - “Quero elevar o mundano”: os pormenores ociosos na narrativa do dia a dia, e suas marcas estruturais e estilísticas 

- A dramédia e a multiplicidade de sentimentos da escrita semi-autobiográfica

- Os impactos da narrativa semi-autobiográfica ultrapersonalista na recepção crítica 

16/10-Aula 3-  A validação biográfica e os avanços representacionais atrelados ao lócus privado e o show do eu (Análise de caso: Master of None) 

- Master of None e seus 3 níveis de realismo e autenticidade: narrativo-textual, narrativo-estético e intertextual 

- A performatividade repetida e a consonância narrativa das obras de Aziz Ansari - Jerry Seinfeld, Ramy Youssef, Aziz Ansari, Louis CK, Tig Notaro, Abby Mecnamy, Alan Carr: a jornada do stand-up comedy às séries autoficcionais 

- Please Like Me, Big Boys, Queer You Are, Changing Ends, Working in Progress, Transparent: narrando experiências queer 

- Os feminismos plurais aliados à escrita autoficcional: Pen15, Girls, I May Destroy You, Transparent 

23/10- Aula 4- Contemporaneizando a escrita do eu: disrupções, hibridismos e autonomia narrativa (Análise de caso: I May Destroy You e Atlanta) 

- A autoficção ultrapersonalista como fissura da cultura narrativa dominante - A narrativização do trauma e a recusa à narrativa clássica em I May Destroy You - O risível, o absurdo e o horror estadunidense em Atlanta 

- Pen15 e Big Mouth: exageros e desconfortos estéticos evocando o real hiperbólico da puberdade 

- Democratização parcial das narrativas: disrupção versus manutenção da hegemonia