07 set - 2020 • 19:00 > 07 set - 2020 • 21:00
Minicurso "Américas Negras em perspectivas: Racismos e antirracismos. BRASIL, AMÉRICA LATINA E ESTADOS UNIDOS"
De 07 a 13 de setembro (segunda a sexta, das 19h às 21h; sabádo e domingo, das 18h às 20h). Via plataforma Google Meet.
Carga horária de 14h com certificação.
APRESENTAÇÃO
Se o racismo antinegro tem seu processo histórico diretamente ligado ao capitalismo, nem por isso suas dinâmicas em diferentes geografias seguiram os mesmos passos e nem mesmo assumiram os mesmos contornos. Há, contudo, um traço que o configura em todos os quadrantes. A violência. Cotidiana ou esporádica, juridicamente instituída, ou como sinistro legado da tradição e do terror racial advindo dos sistemas de plantations (grandes propriedades coloniais). Mas, também parecem terem sido aprimorados os mecanismos de apartação, segregação, discriminações negativas, inscritas ou não nas jurisdições republicanas, com seus sistemas de exclusão, privilégios e legitimações raciais. Nos diferentes setores populacionais nacionalizados, no interior dos estados ditos modernos e suas respectivas fronteiras é o que se viu, sentiu e as vezes narrou. Ainda ensaiamos uma leitura/escrita efetivamente internacionalista do Racismo Mundial Antinegro, assim como do Antirracismo.
Não obstante, em todos quadrantes das Américas, desde o século XIX, as intelectualidades e formas variadas de estratégias e de formas de lutas políticas negras apontam tais prejuízos, desigualdades e práticas violentas. Os movimentos negros são, portanto, ensejos de cidadania e reparação com ampla repercussão social não midiática, memória fragmentária e por vezes, baixa visibilidade transnacional.
As mídias e sistemas de comunicação, via de regra controladas pelas corporações privadas, de expressão brancocêntrica até a medula, ao mesmo tempo que alimentam as hierarquias raciais, tornam ainda mais legítimos, opacos ou incompreensíveis os sistemas raciais de opressão. Algoritmos de programação eugênica estão em operação em várias camadas das redes sociais influindo tanto o mundo do consumo, como decisões importantes ao nível dos sistemas políticos convencionais e também naqueles incógnitos.
As mobilizações sociopolíticas interraciais e interétnicas que eclodiram após o assassinato de George Floyd, surpreenderam não apenas por seu caráter denso e espontâneo, como também por sua duração e radicalidade. A ausência de um fórum ordenador e o caráter policêntrico das ações dificultou a pronta e costumeira repressão, tal como se via desde fins da década de 1990. O que aconteceu de inovador? Quais mudanças ocorreram? Qual a longevidade desse estado de ânimos e possíveis desdobramentos?
No Brasil, no entanto, em diferentes espaços-tempos, desde a década de 1970 ao ativismo antirracista tem se desdobrado para lançar no horizonte fios de radicalidade, porém o arranjo institucional autoritário, com ou sem jogo eleitoral, não deixa escapar por um único espaço que seja as tentativas de revolta e até mesmo de denuncia. O colonialismo interno e a modernidade reacionária das elites assentadas sobre a base do racismo estrutural, agora da sinais esgotamento. Talvez por isso as novas elites se antecipam e acenam com sua indisfarçável força destrutiva, preconizando abertamente o genocídio racial (afroindígena) e a possível fragmentação do território nacional.
O minicurso, organizado por Aruanda Mundi, reúne especialistas e ativistas antirracista do Brasil e EUA, com intenção de historicizar os debates e tais acontecimentos à luz das pesquisas e estudos sobre racismo e antirracismo nas duas sociedades. Ambas, historicamente marcadas, tanto pelo colonialismo escravista, como pela luta antirracista.
FORMADORES/AS
Clifford Andrew Welch
Nasceu em San Francisco, Califórnia nos EUA. Doutor em História pela Duke University (EUA) em 1990, é professor de História do Brasil Contemporâneo nos programas de graduação e pós-graduação do Departamento de História da Universidade Federal de São Paulo – Unifesp, onde ministra aulas sobre a história dos Estados Unidos e Brasil. De 1990 a 2010, era professor da história do Terceiro Mundo em Grand Valley State University (EUA), onde também ministrou aulas comparativas sobre os EUA, Brasil e a história de outros países.
Deivison Nkosi Faustino
Doutor em Sociologia e Professor do Departamento de Saúde, Educação e Sociedade da UNIFESP. É integrante do do Instituto Amma Psique e Negritude e autor dos livros "Frantz Fanon: um revolucionário, particularmente negro" e "A disputa em torno de Frantz Fanon: a teoria e a política dos fanonismos contemporâneos". Tem experiência com os temas relacionados às relações raciais contemporâneas e pensamento antirracista.
Danielle Almeida
Mestre em Ciências da Educação pela Universidad de Monterrey (México); especializada em História da África e dos Afro-brasileiros pela UFMG e Casa das Áfricas; licenciada em Canto pela Universidade Federal de Pelotas.
Flavia Rios
Nasceu no Espírito Santo em 1979. Bacharel e licenciada em Ciências Sociais, mestre e doutora pela Universidade de São Paulo. Foi bolsista da Fundação de Amparo à pesquisa do Estado de São Paulo e Visiting Student Researcher Collaborator em Princeton University. É associada à Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs), à Latin American Association (LASA) e à Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS), onde atua na área das relações raciais. Tem pesquisado e publicado livros e artigos sobre Movimentos Sociais, protestos políticos, desigualdades políticas e feminismos e intelectualidade negra.
Jossianna Arroyo Martínez
Professora titular do Department of African and African Diasporas e o Department of Spanish and Portuguese na The University of Texas, Austin. As suas áreas de pesquisa são, afro-diásporas nas Américas, feminismo, género, culturas negras nas Américas, critical race studies, colonialidade e pos-colonialidade. Tem publicado em revistas académicas no Brasil, Puerto Rico e os Estados Unidos. É autora de Travestismos culturales: literatura y etnografía en Cuba y Brasil (2013, 2da edição, 2020 (Almenara Press) uma análise das fiçcões culturais sobre as populações negras em Gilberto Freyre e Fernando Ortiz e alguns romances brasileiros e cubanos; e Writing Secrecy in Caribbean Freemasonry (2013), uma análise da maçõnaria negra e crioula nos fins de século no Caribe (1850-1898).
Salloma Salomão Jovino da Silva
Desde 1985 é educador. A partir de 1993 ingressou na rede pública estadual de educação. Em 1997 passou a atuar com formação continuada de professores/as pela Unifesp, CEERT, CUFSA, Fundação Perseu, Instituto Paulo Freire, UFSCAR, Fundação Perseu Abramo e Secretaria Municipal de Educação de São Paulo. Doutorado em História pela PUC-SP, com estágio na Universidade de Lisboa. Pesquisas realizadas no Brasil, Portugal, Senegal e EUA. Com diferentes parcerias, seus trabalhos autorais mais recentes são o Livro Negras Insurgências, a peça musical Agosto na Cidade Murada (2018) e a trilha sonora do Filme Todos Mortos, selecionado para a mostra competitiva do Festival de cinema de Berlim 2020.
Weber Lopes Góes
Bacharel e Licenciado em História, Especialista em Ciências Sociais pelo Centro Universitário Fundação Santo André (CUFSA); Mestre em Ciências Sociais pela UNESP/Marília; Doutorando em Ciências Humanas e Sociais pela UFABC; Professor do Colegiado do Curso de Serviço Social na Faculdade de Mauá/FAMA e autor do Livro"Racismo e eugenia no pensamento conservador brasileiro: a proposta de povo em Renato Kehl".
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Aruanda Mundi
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