PROPOSTA DO CURSO:
Com a crescente discussão sobre saúde mental no dia a dia e o acúmulo de críticas feitas ao modelo biomédico, que tenta explicar a gênese do problema na fisiologia do indivíduo, sem conseguir apresentar conclusões satisfatórias, se faz cada vez mais necessário um olhar despatologizado para o sofrimento emocional. Nesse cenário fértil algumas alternativas começam a surgir e esse curso se propõe a discutir uma delas: o “Power, threat, meaning framework” e como a aplicação dessa estrutura pode mudar a forma como lidamos com o sofrimento cotidiano e pelos ambientes que navegamos.
Esse framework traz para a constituição do sofrimento emocional nossa experiência de vivência social, o impacto do desequilíbrio de poder e devolve às pessoas a possibilidade de construção de sentido sobre aquilo que as afeta. Dessa forma, vamos explorar como essas questões podem nos ajudar a lidar com nossas angústias diárias.
- Aula 1: Como chegamos no modelo de diagnóstico e quais são seus problemas
Para entendermos o problema que se apresenta à nossa frente, precisamos primeiro entender
como chegamos aqui. Nessa aula vamos elaborar como se deu o casamento entre a medicina e a criação do modelo de diagnósticos psiquiátricos, como esses diagnósticos são criados, em quais conceitos eles se apoiam e porque não se sustentam.
Para isso faremos uma pequena jornada em torno de alguns preceitos filosóficos que dão contorno ao entendimento da patologia, de como a medicina cria e legitima seus diagnósticos e de porque esses recursos não funcionam quando são transportados para o entendimento dos nossos afetos, pensamentos e comportamentos.
Tópicos abordados:
- Entendendo a origem e o limite positivista
- Como funciona a criação de diagnóstico médico?
- Quais os paralelos entre o diagnóstico médico e o psiquiátrico?
- Qual o papel da biologia? Qual a influência sócio-histórica?
- Fazer mais do mesmo não vai resolver o problema
- Aula 2: Poder, ameaça e sentido
Uma vez mapeada a construção do modelo vigente de acolhimento do sofrimento emocional e entendendo quais são seus limites, podemos olhar para alternativas de construção de sentido para os fenômenos ditos patológicos. Nesse encontro, entraremos diretamente na proposta do framework e entenderemos como o imbalanço de poder nos afeta em nossa capacidade de construção de sentido diante de nossas aflições e discutiremos sobre como todas essas estruturas de desequilíbrio, classe, gênero, raça, etc, podem contribuir para o desenvolvimento daquilo que a psiquiatria chamará de transtorno mental.
Ainda, pensaremos sobre como podemos renomear todos esses processos buscando uma forma de acolhimento mais humana, que entende que aquilo que é visto como patológico também pode ser entendido como uma reação normal a uma situação anormal, transferindo a pergunta orientadora do acolhimento de “o que tem de errado com você?” para “o que aconteceu com você?”.
Tópicos abordados:
- Psicologia do trauma
- Desequilíbrio de poder
- Enxergando o fenômeno pelo olhar de quem o vive
- Devolvendo o significado à experiência
- Quebrando as barreiras entre interno e externo
- Somos atravessados por um “eu” histórico
- O poder da narrativa
- Aula 3: Construindo sentidos
Esse encontro não se trata de uma aula, mas sim um espaço de acolhimento para elaborarmos e trocarmos nossas histórias, retomando nossa autonomia de construção de sentido. A partir de uma atividade guiada, iremos explicitar os impactos desses desequilíbrios de poder em nossas vidas e na constituição de nossa percepção de si, enquanto elaboramos novos sentidos para nossas dores numa perspectiva comunitária e não patologizante.
Tópicos abordados:
- Despatologizando a experiência humana
- Sentidos comunitários
- Reconquista da autonomia
FACILITADOR:
André Lombardi (
@lablabirinto) é formado em psicologia na PUC-SP, especializado em psicologia fenomenológica existencial e psicologia do corpo, pesquisador de epistemologia da psicologia com foco em crítica ao modelo biomédico e psicólogo clínico. É também criador do Labirinto, um laboratório de experiências relacionadas aos temas do corpo, arte e filosofia, em que oferece consultorias corporativas para criação de modelos de acolhimento do sofrimento emocional ligado ao trabalho.
REFERÊNCIAS:
O conteúdo do curso é pautado pelo documento “Power, threat, meaning framework” escrito por um grupo de psicólogos, assistentes sociais e sobreviventes do modelo psiquiátrico a pedido do conselho britânico de psicologia e liderados pela psicóloga Lucy Johnstone. Até o momento não existe tradução para o português, mas está disponível para download gratuito no site. Junto a isso, a discussão será articulada com o pensamento de diversos autores, como: Byung-Chul Han, Frantz Fanon, Robert Whitaker, Bell Hooks, David Smail, entre outros.
PRINCIPAIS INFORMAÇÕES:
- Curso online ao vivo via Zoom
- Dias: 28/09, 03/10 e 05/10 (2 quintas e 1 terça)
- Horário: 20h00 às 22h00
- Contribuição consciente: disponibilizamos 4 valores diferentes que você pode escolher honestamente de acordo com sua realidade financeira atual e com consciência da necessidade de remuneração justa aos envolvidos no projeto, lembrando que se puder, pague o valor indicado como o ideal
- Valor sem taxa para inscritos na Newsletter
- Gravações dos encontros disponibilizadas por 2 meses pós término do curso
- Emissão de certificado de participação
- Público livre, não há a necessidade de conhecimento prévio, nem ser de áreas específicas
- Atividade sujeita a cancelamento, caso não atinjamos o valor mínimo