16 out - 2021 • 15:00 > 16 out - 2021 • 18:00
16 out - 2021 • 15:00 > 16 out - 2021 • 18:00
ÁGORA TEATRO ORGANIZA SÉRIE DE AULAS ABERTAS SOBRE DISCURSOS CONTESTADORES
– Ministrado por Welington Andrade em parceria com Celso Frateschi, o curso Textos do Contra vai tratar de obras que ousaram, cada uma a seu modo, desafinar o coro dos contentes –
No livro Literatura e resistência, o professor e ensaísta Alfredo Bosi defende a ideia de que a perspectiva crítica subjacente à escrita de determinados textos faz com que estes se tornem avessos à rotina social, opondo-se, assim, ao discurso ideológico do homem médio. Atravessada pela tensão crítica, a escrita de resistência, afirma o autor, “mostra, sem retórica nem alarde ideológico, que essa ‘vida como ela é’ é, quase sempre, o ramerrão de um mecanismo alienante, precisamente o contrário da vida plena e digna de ser vivida”.
A partir dessa premissa é que o curso Textos do Contra foi concebido. A ideia é apresentar obras – bastante diferentes entre si, seja temática, seja formalmente, e dispersas no tempo e no espaço – que problematizam a tensão eu/mundo de modo muito particular, fazendo emergir de tal movimento um sujeito que coloca em crise sua relação com os valores vigentes e com as instituições que os tutelam. Embora não seja difícil estabelecer a conexão dos textos escolhidos com os tempos atuais, a proposta não é a de olhar para eles pura e simplesmente como se fossem contemporâneos a nós. No embate da distância temporal que as une e separa, a capacidade de contestação dos autores de outrora e a nossa capacidade de reação ao que nos enlaça no presente se iluminam reciprocamente. O objetivo então será o de investigar cada um dos textos, tomando por base o intrincado jogo de forças entre indivíduo e sociedade, escrita e cultura, imaginação e memória social, invenção e convenção do qual se abastecem.
Quatro foram os temas escolhidos (que, a rigor, de tempos em tempos tomam de assalto a consciência humana, desde a organização das primeiras sociedades agrárias até o advento do mundo pós-industrial, fazendo-nos querer resistir à perda das significações): o aspecto abafadiço da cultura dominante, a hipocrisia travestida de enlevo moral, o obscurantismo que procura aniquilar a liberdade da razão e o lento e progressivo processo de desumanização do homem, em curso desde sempre. Embora não se reduzam somente a tais temas, as obras que os irão colocar em relevo são, respectivamente: a lírica de Safo; a Apologia de Sócrates, de Platão; o diálogo Acerca do infinito, do universo e dos mundos, de Giordano Bruno; e o testemunho É isto um homem?, de Primo Levi.
Os encontros ocorrerão mensalmente, de agosto a novembro, aos sábados, das 15h às 18h. A cada aula, Welington Andrade irá expor, das 15h às 17h30, as condições históricas dos períodos em que viveram tais autores e analisar os elementos estilísticos e formais mais relevantes de cada texto. Na condição de parceiro inestimável nessa empreitada estará o ator Celso Frateschi, responsável por fazer a leitura especial de alguns excertos das obras. A íntima associação entre logos e páthos é um diferencial da iniciativa. Um ator em um curso como esse assume a função de um aedo, através de cuja sensibilidade a palavra escrita toma corpo, a voz dá vazão à vertigem do puro significante e a linguagem se converte em música. A meia hora final é reservada para perguntas e debate. Os conteúdos apresentados nos encontros não são progressivos ou interdependentes.
CONFIRA A PROGRAMAÇÃO:
(link para o combo [TODAS AS AULAS] : https://www.sympla.com.br/textos-do-contra-com-welington-andrade-e-celso-frateschi-agora-teatro--online__1369948 )
Sábado, dia 16 de outubro, das 15h às 18h:
A lírica de Safo (século VII a.C.)
Dedicado tradutor da poeta grega sobre a qual muito pouca coisa se sabe de confiável, Guilherme Gontijo Flores assim define a obra de Safo: “Num mundo arcaico, uma mulher, com poesia sobre mulheres (talvez realmente para seduzir mulheres), alcançou o patamar do divino por meio da poesia. No mundo grego arcaico, só se equiparam a ela as épicas homéricas e o corpus atribuído a Arquíloco; ou seja, Safo é de fato o mel do melhor”.
link para aula 1 avulsa:
texto disponível para compra em:
Sábado, dia 30 de outubro, das 15h às 18h:
Apologia de Sócrates, Platão (428/7-348/7).
Muito antes de Franz Kafka revelar em O processo a condição hipotética da justiça e a permanência do Estado de direito como fábula e ficção, a Apologia de Sócrates já chamava a atenção para o caráter muito relativo das decisões judiciárias. Segundo o tradutor Carlos Alberto Nunes, “não foi apenas na aplicação desses princípios gerais que Sócrates se mostrou revolucionário em seu discurso de defesa, senão também, ou principalmente, no que respeita às regras mais importantes, que fora temeridade transgredir”, colocando no centro do debate a filosofia e dando, assim, “o golpe de morte em toda a retórica processual do seu tempo”.
link para aula 2 avulsa:
texto disponível para compra em:
Sábado, dia 13 de novembro, das 15h às 18h:
Acerca do infinito, do universo e dos mundos, Giordano Bruno (1548-1600).
Insurgindo-se contra a estreiteza do discurso religioso, o famoso diálogo que reconfigurou o entendimento do homem sobre o universo é obra do “frade impaciente e rebelde perante os imperativos externos da disciplina”; do “político atento às oportunidades da ação e ávido de unidade temporal, entre as divisões dos poderes”; do “ousado comediógrafo, desmascarador e satirizador de superstições e hipocrisias (religiosas e mundanas)”; e do “filósofo inspirado e polémico, sensível ao conflito das heranças e das vigências culturais e todo entregue, com heroico furor, à vertigem de uma convergência doutrinária nos abismos abertos à razão discursiva e às intuições do espírito”, de acordo com as palavras do poeta e filósofo Victor Matos e Sá.
link para aula 3 avulsa:
texto disponível gratuitamente em:
https://gulbenkian.pt/
Sábado, dia 27 de novembro, das 15h às 18h:
É isto é um homem?, Primo Levi (1919-1987).
Segundo o professor e ensaísta Marcio Seligmann-Silva, Auschwitz pode ser entendido como uma das maiores tentativas de apagamento da memória histórica de que se tem notícia: “A história do Terceiro Reich, para Levi, pode ser ‘relida como a guerra contra a memória, falsificação orweliana da memória, falsificação da realidade, negação da realidade’. Os sobreviventes e as gerações posteriores defrontam-se a cada dia com a tarefa (no sentido que Fichte e os românticos deram a esse termo: de tarefa infinita) de rememorar a tragédia e enlutar os mortos. Tarefa árdua e ambígua, pois envolve tanto um confronto constante com a catástrofe, com a ferida aberta pelo trauma – e, portanto, envolve a resistência e superação da negação –, como também visa a um consolo nunca totalmente alcançável”.
link para aula 4 avulsa:
texto disponível para compra em:
- Obs.: TODAS AS AULAS SERÃO ONLINE
SOBRE OS PROPONENTES DO CURSO
Welington Andrade
Doutor em Letras pela USP, é professor titular de Língua Portuguesa da Faculdade Cásper Líbero, onde ingressou em 1997. Foi editor da revista Cult de 2015 a 2018. Ministrou no Ágora Teatro em 2017 e 2018 o curso Texto e cena: a história do teatro e sua relação com a cultura contemporânea, em parceria com o ator Celso Frateschi. É autor de um dos capítulos da História do teatro brasileiro: do modernismo às tendências contemporâneas (Editora Perspectiva/Edições Sesc-SP, 2013) e do prefácio de Viagem magnética, de Décio Pignatari (Ateliê Editorial, 2014). Organizou o livro Imagens da era Vargas: artigos, fábulas e memórias (Sesc-SP, 2004) e coordenou a coleção Clássicos Adaptados, da Editora Larousse do Brasil (2005-2006). Foi curador dos espetáculos brasileiros da Mostra Internacional de Teatro de São Paulo (MITsp), em 2018 e 2019, e do ciclo de debates e de leituras dramáticas Bernard Shaw, um porto de passagem (Sesc Vila Mariana, 2004).
Celso Frateschi
Estreou no Teatro de Arena, em 1970, em Teatro Jornal 1ª Edição, de Augusto Boal. Trabalhou com os principais diretores do teatro brasileiro, como Fernando Peixoto, José Renato, Elias Andreato, Márcio Aurélio, Enrique Diaz, José Possi Neto, Daniela Thomas, Roberto Lage, Rubens Rusche, Gabriel Vilela e Rudifran Pompeu.
Premiado em “Os Imigrantes” de Celso Frateschi, em 1977, Prêmio Mambembe de Melhor Projeto, “Eras” de Heiner Muller, em 1978, Prêmio Shell de Melhor Ator, “Do Amor de Dante por Beatriz”, de Dante Alighieri, Prêmio Apetesp de Melhor Ator em 1996.
Desde 1999, com Sylvia Moreira, dirige o Ágora Teatro.
Atualmente está em cartaz com peças do repertório do Ágora Teatro adaptadas para o Ágora Virtual com direção do cineasta Francisco C. Martins e também faz parte do elenco da minissérie da Globo _Verdades Secretas 2 que está prevista para ir ao ar em outubro.
INSCRIÇÕES:
Combo 1 (todas as aulas) ~ até dia 10/10: R$280,00 [+R$28,00 TAXA]
Combo 2 (todas as aulas) ~ a partir do dia 11/10: R$340,00 [+R$34,00 TAXA]
Ingresso avulso (só uma aula): R$100,00 por aula** [+R$10,00 TAXA]
(link para o combo [TODAS AS AULAS] : https://www.sympla.com.br/textos-do-contra-com-welington-andrade-e-celso-frateschi-agora-teatro--online__1369948 )
**link para ingressos avulsos acima, na programação.
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Ágora Teatro
O Ágora Teatro exerce papel importante no cenário teatral paulistano. Instalado na Bela Vista, coordenado pelo ator e diretor Celso Frateschi e pela arquiteta, cenógrafa e figurinista Sylvia Moreira, mantém desde 1999 uma programação baseada num repertório que contempla desde clássicos como Shakespeare, Moliere e Tcheckov. passando por autores modernos como O'Neill e Tenessee Willians, até autores contemporâneos como Heinner Muller e Pavlovsky.
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