O mercado audiovisual brasileiro é, historicamente, marcado por ciclos. Em suas fases de sucesso e derrocadas, superar a constante instabilidade social, política e econômica do país se tornou uma prática de resistência. Diante disso, o audiovisual é encarado como elemento essencial para acesso à informação, cultura, lazer e também promover debates. A necessidade de se ter uma atividade regulada, dinamizada e em conformidade com as transformações do país revelam não só o profundo impacto que os conteúdos audiovisuais exercem na sociedade brasileira como expõe, a cada ano, novos desafios e possibilidades.

Em 2011, o setor audiovisual foi impulsionado pela regulamentação de uma lei inédita que abalaria as dinâmicas do mercado ao propor e revisar formas de regulação, fiscalização e fomento. E, particularmente, enxergando no segmento de TV, um potencial ambiente para o crescimento da produção independente nacional. A Lei 12.485/11, conhecida como Lei do SeAC ou da TV Paga, alterou as lógicas e os modelos de negócios destinados ao desenvolvimento, produção, distribuição e comercialização de obras brasileiras.

Segundo dados dos principais órgãos culturais, o setor movimenta cerca de R$ 3,3 bilhões em impostos e gera mais de 300 mil empregos diretos e indiretos por ano. Ao longo desse tempo, o número de salas de cinema cresceu exponencialmente e o nicho da TV paga no Brasil atingiu seu ápice. Novos canais e programadoras brasileiras ocuparam diversas fatias do mercado e a demanda por conteúdo nacional fez aquecer o setor.

Portanto, torna-se fundamental considerar o efeito e as fragilidades desta lei para o audiovisual ainda nos dias atuais. Em meio aos avanços tecnológicos e consumo multiplataforma everywhere, nunca antes na história se consumiu tanto conteúdo audiovisual como hoje. Diante da crise política e a chegada de gigantes do entretenimento, como as plataformas on demand Netflix, Prime Video, Disney+, entre outras, como abalizar gargalos e propor novas oportunidades?

É nesse cenário convergente e fértil para inúmeras discussões que surge o 10+10. O evento se compromete a refletir a importância do audiovisual para a sociedade no curso das transformações na cultura brasileira contemporânea e propõe inúmeros diálogos sobre o presente, o passado e o futuro do setor nas perspectivas da indústria, do mercado e da academia. 

Ao longo de uma semana, diversas atividades dentre palestras, oficinas e entrevistas serão realizadas e todas terão a participação de pesquisadores, estudantes e executivos do mercado. A programação será composta por temas como políticas públicas, regulamentação, financiamento e conteúdos independentes. 

10+10 é o II Seminário do ENTELAS, grupo de pesquisa em conteúdos transmídia, convergência de cultura e telas da Universidade Federal de Juiz de Fora, em parceria com o GRUFICS, Grupo de Produção e Pesquisa em Ficção Seriada da Universidade Federal da Paraíba. O ENTELAS traz em seu próprio nome a preocupação com a convergência no âmbito do audiovisual, mas também, no cultural. A partir da presença e debate com convidados, pesquisadores, profissionais e estudantes, públicos que representam a diversidade e a pluralidade do audiovisual.

PROGRAMAÇÃO

Mesas

Abertura - 04/10 

Moderador: Marcel Vieira 

Convidados: Manoel Rangel, Lia Bahia e Alfredo Manevy 

2º dia - 05/10 - 10 anos no passado 

Moderador: Hadija Chalupe 

Convidados: Vera Zaverucha, Clélia Bessa e Mannuela Costa 

3º dia - 06/10 - Audiovisual: presente 

Moderador: Julia Levy 

Convidados: Leonardo Edde, Tomaz Penner e Maíra Bianchini

4º dia - 10 anos para frente

Moderador: Gabriela Borges 

Convidados: Pedro Butcher, Felipe Lopes e Guido Lemos 

5º dia - Encerramento - Streaming: fronteiras em perspectiva

Moderador: Maíra Bianchini
Convidados: Simone Rocha, Ana Camila Esteves e Catarina Duff Burnay  

Oficinas

05/10 - Desenvolvimento de projetos audiovisuais

Ministrada por: Edileis Novais 

Abordará os processos e ferramentas para elaboração de projetos audiovisuais, sob o ponto de vista da produção executiva. Com objetivo de orientar os participantes a utilizarem mecanismos básicos que facilitam a organização da proposta artística em um projeto para captação de recursos. 

Horário: 8:00 às 12:00 

06 e 07/10 - Planejamento Narrativo 

Ministrada por: Rodrigo Quirino

O Planejamento Narrativo é uma oficina de construção de narrativas audiovisuais, com 08 horas de duração, divididas em dois dias, e apresentadas de forma virtual. A ideia central da oficina é desenvolver os elementos básicos de uma narrativa, e pensar as formas de estruturas possíveis para sua construção. Para isso, utilizamos uma metodologia teórico-prática, que tem como base o desenvolvimento de um modelo de Planejamento Narrativo, que será proposto para construção em sala, e desenvolvido com a participação dos participantes. 

Horário: 8:00 às 12:00 

08/10 - "Celulares e audiovisual: que imagens são estas? 

Ministrada por: Adriano Chagas

Vivenciamos a ampliação da produção, exibição e circulação de imagens por meio de smartphones. A sociedade é mediada pela onipresença do dispositivo. No ambiente da convergência, todo indivíduo é um realizador em potencial. Mas que imagens são estas? De que modo elas são produzidas? A oficina abordará o contexto da produção audiovisual por meio de câmeras de telefones celulares, com a análise de exemplos e as estratégias de seus realizadores.

Horário: 8:00 às 12:00 

IMPORTANTE: 

Os certificados serão expedidos apenas para os participantes que registrarem a presença em todos os dias do evento.