Encontro com a Curadoria do FilteBahia 2020 - TECNOVIVIO

O encontro visa desenvolver um bate-papo com interessados em participar do FilteBahia 2020 - TECNOVIVIO.

Parte da equipe de curadores do FilteBahia, Daniele Avila Small, Francis Wilker, Luis Alonso-Aude e Renata Berenstein,  apresentará em 30 minutos a estrutura do regulamento do Festival, condições de participação e a linha conceitual do evento. Após a apresentação os participantes poderão fazer perguntas e elucidar suas dúvidas sobre a criação das suas propostas relacionadas com o novo formato do FilteBahia e sobre o processo curatorial.

A curadoria do FilteBahia não se limita somente à escolha dos espetáculos, mas investe em desenvolver um pensamento em conexões, uma ideia irradiada, uma cartografia de instantes, onde todas as ações do festival se interconectam em uma mesma pulsação.

As circunstâncias atuais nos definem. Os coletivos teatrais e artistas independentes das artes cênicas vêm desenvolvendo, há muitas décadas, uma relação muito estreita com a tecnologia, inserindo progressivamente o cinema, o audiovisual, projeções em superfícies, gravações em vídeo dos próprios realizadores, entrando em contato através da internet em salas teatrais, fazendo uso de projeções holográficas, criando relações virtuais expostas nos espetáculos, e tantos outros exemplos. Mas, nos últimos quatro meses, a ausência dos teatros como espaços de encontro físico, o fechamento das praças, a ausência nas ruas, a impossibilidade de compartilhamento e de aproximação entre cidadãos, provocou uma necessidade nos artistas de canalizar as suas vontades criadoras e ver neste espaço uma fonte de renda para sua subsistência, e esta tecnologia, que já estava presente, sobretudo o espaço virtual da internet, começou a ser contaminada e atravessada pelos criadores das artes cênicas, gerando assim, um território novo que tem expressão e provoca inter-relações entre artista/indivíduo-virtual e indivíduo-virtual/espectador.

Por outro lado, nos vemos influenciados como organizadores, curadores e produtores do FilteBahia, por uma definição criada pelo importante pesquisador e crítico argentino Jorge Dubatti, definição com o nome de Tecnovivio. O tecnovivio é uma definição que tenta dar conta desse relacionamento entre o ser humano e a tecnologia, quer dizer, é uma cultura vivente desterritorializada por intermediação tecnológica. Teríamos então dois tipos de tecnovivio, o tecnovivio interativo e o tecnovivio monoativo. O interativo distingue formas como: chats; bate-papos, encontros on-line; conferências por zoom e lives em plataformas streaming. No caso do tecnovivio monoativo, ele denomina aquela relação com a tecnologia que é assistida, mas onde o espectador não possui uma interação de ‘mão-dupla’ com ela, ele é um receptor, nesta definição se enquadram o cinema, a tv, o vídeo, a rádio, etc. Temos aqui, então, o tecnoviviodialógico (interativo) e o tecnovivio monológico (monoativo). Esta definição é oposta ao Convívio, onde duas ou mais pessoas precisam se encontrar em um ponto territorial e sem intermediação tecnológica que subtraia a presença vivente, aurática dos corpos em reunião. A esta categoria pertence o teatro. O teatro é Convívio, é espaço e tempo compartilhados em uma mesma zona de afetação, zona que é criada de uma única vez e de forma diferente em cada acontecimento ou apresentação. O teatro é um corpo (de espectador, de artista, de técnico-artista) que se encontra aurática e territorialmente com outro(s) corpo(s).
Sobre estes conceitos e estas experiências é que o FilteBahia vai se debruçar, fazendo desse encontro um espaço virtual de experimentação, debate, discussões, um laboratório de pesquisas de ações in loco.

Quer entrar nesta proposta? Leia com atenção o nosso Regulamento no site www.filte.com.br  e se inscreva.