"E O SAMBA FEZ ESCOLA..."

A ideia deste curso é debater e refletir, a partir da organização das escolas de samba em diferentes segmentos/setores, as diferentes formas de ser sambista. Nesse intuito, o curso será atravessado por questões de classe, raça e gênero, mas também pelas distintas formas de arte e suas categorizações dentro do complexo universo do samba.  Se as escolas de samba, hoje, são organizações culturais plurais, o que fazem as escolas de samba parte integrante deste complexo cultural afrodiaspórico denominado samba? Por que as escolas de samba, instituições quase centenárias, permanecem ativas como um modelo que se espalha, cada vez mais, pelo Brasil e pelo mundo?

O samba aproxima, irmana e produz identidades. É um sofisticado sistema cultural – comida, bebida, ritmo, simbolismo, religião, vestimenta, corpo, etc. - fruto da resistência criativa de negros que, escravizados e condenados à morte física e social, reinventaram a vida através dos batuques. Já as escolas de samba são entes coletivos, localizados em um determinado território e que possuem na cultura do samba seu elemento aglutinador.   Apesar de desfilarem durante o período carnavalesco, “desfilam porque existem e não existem porque desfilam”, como nos diz o historiador Luiz Antônio Simas.

A criação das escolas de samba, na cidade do Rio de Janeiro, entre o final da década de 1920 e o início da década de 1930, foi feita por filhos e netos de ex-escravizados que, no período do pós-abolição da cidade, organizaram-se em associações negras nos morros, favelas e subúrbios. Estes coletivos, até hoje, vêm produzindo arte e ajudando a inscrever, à força, a presença negra na história do Brasil.

Ao longo de décadas, suas apresentações carnavalescas cresceram em múltiplas dimensões com uma intensa relação de mediação e negociação com a classe média, com as camadas brancas da cidade, os poderes (oficiais e extraoficiais) e ideologias político-partidárias. Pensadas erroneamente, por muitos, como espaço da igualdade e da ausência de conflitos, as escolas de samba se tornam uma das instituições que melhor traduzem o Brasil em sua pluralidade e complexidade.  

São associações negras, populares, movimentam a indústria cultural brasileira. São cultura, batuque, congraçamento, mas também traduzem os preconceitos de gênero, raça e classe tal qual outros espaços institucionalizados na sociedade burguesa e patriarcal. Logo, a partir delas, podemos pensar de forma potente o país que vivemos desde que sejamos capazes de compreendê-las.

Afinal, o que faz de uma escola de samba ser o que ela é? 

Aula 1 (09/02) –  "Ala dos Compositores mandando um samba no terreiro”: os poetas e as Alas de Compositores.

Aula 2 (11/02) –  "Mães de santo, mães do samba”: Baianas, Departamento Feminino e a matriarcalidade no/do samba. 

Aula 3 (16/02) –  "A raiz do samba tem muita história para contar”: Velha Guarda.

Aula 4 (18/02) –  "Abre a roda, meninada, que o samba virou batucada”: ritmos e invenções nas Baterias.

Aula 5 (23/02) – “... para mostrar essa pesquisa, na ocasião precisa, em forma de arte popular”: Departamento Culturais.

Aula 6 (25/02) – "Minha gente, é muito samba no pé!”: os requebros dos Passistas.

Aula 7 (02/03) –  "Mestre-Sala e Porta Bandeira riscam o chão de poesia”: o bailado do casal.

Aula 8 (04/03) –  “... se apresenta novamente, saudando o grande povo em geral”: Comissão de Frente.

Aula 9 (09/03) –  "Como será o amanhã?”: Ala das Crianças e Escolas Mirins.

Aula 10 (11/03) –  "Glória a quem trabalha o ano inteiro em mutirão”: o visual das escolas de samba e algumas reflexões sobre o barracão.

Terças e Quintas – 19 às 21h

Valor por aluno: R$ 200,00 + R$ 20 (taxa Sympla)

AULAS GRAVADAS E DISPONIBILIZADAS AOS ALUNOS

Política de Bolsas: Serão oferecidas bolsas para alunos negros (pretos e pardos). Para concorrer, basta enviar um e-mail para [email protected] com uma carta justificando o pedido. As bolsas serão limitadas.