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Minhas Queridas | Teatro Bibi Ferreira
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Minhas Queridas | Teatro Bibi Ferreira

12 set - 2020 • 18:30 > 20:00

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Descrição

Clarice Lispector viveu 15 anos em trânsito por diversos países, acompanhando o marido em missão diplomática. Durante esse tempo, escreveu sempre às irmãs, Elisa e Tânia, por quem nutria um amor incondicional. São correspondências íntimas que revelam o percurso interior dessa experiência. O recorte proposto nessa montagem inédita de "MINHAS QUERIDAS" mostra a relação com seu trabalho como escritora, mas, sobretudo o que esses anos no estrangeiro como “esposa de diplomata” lhe causaram na alma.

Em 2018, o espetáculo "MINHAS QUERIDAS", a partir de cartas de Clarice Lispector às irmãs, direção e dramaturgia de Stella Tobar, é contemplado com o PROAC - Edital de montagens inéditas, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado. Em 2019 realizou 10 apresentações pelo PROAC, em dez cidades do interior do estado com grande sucesso.

Em janeiro de 2020, "MINHAS QUERIDAS", estreia no SESC PINHEIROS, com enorme sucesso de público e crítica, com lotação esgotada em toda a temporada, em comemoração ao centenário da escritora.

Infelizmente, deixou-nos aos 57 anos, mas com uma vasta produção de contos, crônicas, romances. Que tem ganho novas edições a partir das homenagens em torno do centenário de seu nascimento. São publicações em edições especiais que começaram em 2019.

Se dizem que sua obra revelava parte de seu mistério, o que dizer das cartas, enviadas a pessoas que amava, familiares, amigos? Nelas, discorrendo sobre todos os assuntos, Clarice deixa-se conhecer sem reservas. E revela a potência e o prazer de lê-la, em qualquer formato. Como diz Hélio Pellegrino sobre as correspondências compiladas em Minhas queridas "Ler essas cartas é como saborear garrafas de espumante". 

MINHAS QUERIDAS trata de um período de 15 anos de correspondências com as irmãs, Tânia e Elisa, durante o tempo em que Clarice viveu em vários países,  acompanhando o marido diplomata. Trata-se de um recorte íntimo dos 24 aos 40 anos dessa mulher genial.  Em cartas íntimas, Clarice revela o amor às irmãs;  as lembranças e dores em relação aos pais e as consequências da emigração forçada em meio à guerra na Ucrânia;  as angústias de escritora em relação à construção das suas obras; a maternidade e as questões sobre ser mulher de diplomata, "um mundo de representação". Foram 15 anos cruciais que lhe marcaram para sempre. São reflexões  inspiradoras e profundamente humanas,  que tocam amantes ou leigos da obra clariceana. 

Pano de Fundo
Em 1943, aos 23 anos, Clarice estreava com sucesso seu primeiro romance, Perto do Coração Selvagem. A escritora ucraniana, judia, naturalizara-se brasileira em virtude do casamento com o diplomata Maury Gurgel Valente. Em 1945, a segunda guerra acontecia e Maury fora chamado às pressas em missão diplomática em Nápoles. Clarice o acompanhou. Ela ainda não sabia, mas seriam 15 longos anos por diversos países. Uma “via crucis”, e “uma prisão”, como mencionou. Esse período como mulher de diplomata, tentando conciliar a carreira de escritora, foi um fardo muito pesado. Ela, que nascera incumbida de escrever, como dizia, e cuja entrega vertiginosa a este ofício era o que mais desejava no mundo (“mesmo mais que amor”), viu-se sem ambiente para produzir no exterior.

Durante esse tempo, à duras penas e com um esforço enorme, finalizou seu segundo romance, O Lustre (“que já estava praticamente pronto no Brasil”), e escreveu A Maçã no Escuro e A Cidade Sitiada. Quando esteve de passagem no Rio, durante quase um ano nesse período, escreveu os contos que compõem a obra-prima Laços de Família, além de uma coluna feminina em jornal, sob pseudônimo. A correspondência às irmãs Clarice amava o Brasil, amava Recife e amava o Rio. Viver longe, sem amigos, rodeada por pessoas que não lhe diziam nada, em meio ao ambiente diplomático e seus jantares intermináveis, lhe causaram um enorme prejuízo do equilíbrio íntimo e de certa forma lhe tiraram a voz como escritora. Como ela escreve em uma das cartas:

“Sabe quando um touro castrado se transforma em um boi? Assim fiquei eu. Não pense que a pessoa tem tanta força assim a ponto de levar qualquer espécie de vida e continuar a mesma. Nem sei como lhe explicar minha alma. Mas o que queria dizer é que a gente é muito preciosa, e que é somente até um certo ponto que a gente pode desistir de si própria e se dar aos outros e às circunstâncias.”

Assim, a correspondência entre ela e as irmãs Tania e Elisa representavam um alento e um bálsamo de cura. “Receber carta sua às vezes tem o sentido que teria abrir as janelas de um quarto onde eu estivesse fechada há semanas”, escreve em uma carta. Ela, que desde o nascimento parecia não ter parada e lugar no mundo, que nascera em trânsito, em meio à fuga dos pais do horror da guerra; que perdeu a mãe aos 9 anos e o pai aos 20, só podia contar com essas irmãs, mais velhas que ela 5 e 10 anos. Irmãs que ela amava com uma amor incondicional. “Em meio a tudo isso, sua existência me abençoa”, escreve a uma delas. Portanto, mais do que o cotidiano da escritora, essa cartas de Clarice em Minhas queridas contam sobre a desestruturação de uma mulher que, durante 15 anos, lutou desesperadamente para não se afastar de si e do que era mais importante: sua escrita.

Encenação
A encenação busca a fricção entre a voz das cartas e das atrizes que atuam. De que maneira elas sentem e dialogam com esse material, a partir da sua experiência e referências? É justamente nessa fricção entre ficção e realidade, voz ficcional e confessional que duas atrizes encontram-se, em um cenário em construção, no ensaio de um espetáculo sobre Clarice. Uma está entrando em contato com o universo clariceano pela primeira vez, outra já foi
tocada por ele há vários anos. Representam Clarice,  mas também a si mesmas, em um diálogo constante com os textos apresentados. Refletem sobre o fazer artístico, nas palavras de Clarice "tão duro como quebrar pedras" e sobre o processo de montagem dessa obra, no instante em que ela se constrói.

Se em muitas obras Clarice escreve sobre o processo de escrita no momento mesmo da elaboração dessa escrita, a metalinguagem, no caso dessa montagem, é artifício de jogo de cena. Como a realidade clariceana àquela época de mudança por diversos países (e no processo de construção de um espetáculo), essas mulheres encontram-se em trânsito, num local de passagem onde a regra é não criar raízes (ou engessar a atuação). O cenário propositalmente em construção, visto ser um ensaio para a peça, pode remeter a uma estação de trem, um saguão ou quarto de hotel e a um não-lugar. Os objetos de cena, malas e caixas que contém outros objetos carregam memórias de uma vida e por vezes são metáfora e símbolos para temas recorrentes na obra da escritora, como por exemplo, o ovo e a barata.

O cenário também cumpre a função de plataforma para projeções, que junto com a trilha sonora são mais uma camada de significação da cena e da experiência teatral. Com direção e dramaturgia de Stella Tobar, o elenco conta com Simone Evaristo e Marilene Grama, a tríade egressa da Unicamp há vários anos, reúne-se nesse espetáculo pela primeira vez, a convite do produtor João Luís Gomes. Kleber Montanheiro assina cenário e Carol Badra os figurinos. A trilha foi especialmente composta por Sérvulo Augusto e o design de luz por Adriana Dham. O projeto para essa montagem foi contemplado pelo Proac - Edital de Montagens Inéditas / 2018, da Secretaria de Estado da Cultura e Economia Criativa e realizou dez apresentações pelo interior de São Paulo, no segundo semestre de 2019.

A estreia em temporada online inédita, no segundo semestre do ano que comemora o centenário de nascimento de Clarice Lispector mostra que seu pensamento está mais vivo do que nunca,  e assim será, em sucessivas gerações de leitores-artistas que bebem na sua fonte e mergulham em suas águas para trazer à tona outras linguagens, como em MINHAS QUERIDAS.

Direção e Dramaturgia: Stella Tobar
Elenco: Marilene Grama e Simone Evaristo
Direção Musical Trilha Original: Sérvulo Augusto
Cenário: Kleber Montanheiro
Figurinos: Carol Badra
Iluminação: Adriana Dham
Vídeos: Stella Tobar
Fotos: Eduardo Petrini
Logo do espetáculo: Marcelo Tobar
Operação de Luz: Júlio Avanci
Operação de Som e Vídeo: Stella Tobar
Diretor de Produção: João Luís Gomes
Realização: Cia. de Teatro Diversão & Arte Produções, Borbolina Produções e Cooperativa Paulista de Teatro
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Produção Teatro Bibi Ferreira

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