8 mar - 2021 • 18:00 > 10 mar - 2021 • 20:00 Ver datas e horários
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Fotografia e cinema se consolidaram historicamente como duas mídias radicalmente distintas entre si. De um lado, o instante petrificado em uma imagem única, de outro, o incessante movimento do plano-sequência; de um lado, a morte, de outro, a vida; “gelo e fogo”, como definiu Peter Wollein. Também do ponto de vista da função social, à fotografia foi destinado principalmente o papel de documento, enquanto o cinema logo se prestou ao papel da fabulação e da ficção.
No entanto, ao longo da história, não foram poucos os movimentos no sentido contrário, no sentido de uma hibridação, experimentações que buscaram operar passagens entre fotografia e cinema, mesclando aspectos das duas mídias. O curso pretende fazer um retrospecto dessas obras. A ênfase será dada aos fotofilmes, filmes realizados a partir de fotografias ou nos quais o fotográfico tem importância fundamental.
O curso está baseado em dois encontros de 2h cada. O primeiro encontro vai girar em torno de uma abordagem histórico-teórica acerca das interações entre cinema e fotografia, com ênfase para os fotofilmes. O segundo encontro estará baseado na projeção de fotofilmes ou trechos selecionados seguida de comentários e análises que permitam aos participantes ter um amplo panorama da potencialidades criativas e poéticas dos fotofilmes.
1o Encontro – dia 06 de março de 2021
Fotografia e Cinema: passagens
O pré-cinema e os avanços tecnológicos que levaram à cronofotografia. A fotografia instantânea é um passo fundamental para a conquista do cinema, que está baseado na ilusão de movimento contínuo. Fotografia e Cinema se dividem em dois regimes de temporalidade distintos e frequentemente opostos entre si: a imagem estática e única, na forma do instantâneo, e a imagem em movimento. Também se instituíram como formas de fazer e como indústrias culturais com significados sociais e aplicações bastante distintas.
No entanto, não foram poucas as experimentações e criações baseadas justamente nas passagens entre cinema e fotografia, obra híbridas, que desafiaram os cânones e as convenções. Hoje em dia, essas produções se tornam cada vez mais presentes e o fenômeno de hibridação se generaliza. A imagem digital permite uma total indistinção entre cinema e fotografia. O ambiente do computador permite codificar e combinar os mais diversos tipos de informação: imagens, textos, sons, diagramas, documentos das mais diversas origens. A onipresença das telas, as organizações em rede, o fluxo contínuo do digital, as possibilidades de projeção, transformaram tanto cinema como a fotografia e propiciaram um domínio e um acesso cada vez maiores às passagens.
Após a introdução conceitual, trataremos de quatro formas de pensar as hibridações de fotografia e cinema: a) a fotografia de cinema; b) a fotografia no cinema; c) o cinema na fotografia; d) o cinema de fotografias – fotofilmes.
A segunda metade do encontro será dedicada a uma “pequena história dos fotofilmes”. A aula será ilustrada por trechos de filmes que serão comentados tanto por suas implicações estéticas, na relação entre forma e conteúdo, como por suas peculiaridades técnicas. O percurso também permitirá descobrir a variedade de gêneros e abordagens.
2o Encontro – dia 13 de março de 2021
A poética dos fotofilmes
A segunda metade do curso será dedicada à projeção de fotofilmes acompanhada de análises e comentários sobre as potencialidades criativas dessa técnica. Os fotofilmes projetados serão selecionados a partir de uma filmografia brasileira, que começou a ser levantada em 2007. As obras / trechos apresentados dependerão da dinâmica. Abaixo, a filmografia de referência.
A João Guimarães Rosa (1969) – Marcello Tassara
Abeladormecida: entrada numa só-sombra (1978) – Marcello Tassara
Nada Levarei Quando Morrer (1981) Miguel Rio Branco
Povo da Lua, Povo do Sangue (1984) – Marcello Tassara
Rio de Memórias (1987) – José Inácio Parente e Patrícia Monte-Mór
Ressurreição (1989) – Arthur Omar
Juvenília (1994) – Paulo Sacramento
Jugular (1997) – Fernanda Ramos
Gaivotas (1997) – Cristian Borges
Bahia Amada Amado (1999) – Marcello Tassara
Enquanto Chove (2003) – Alberto Bitar e Paulo Almeida
Vinil Verde (2004) – Kleber Mendonça Filho
Sonoro Diamante Negro (2004) – Suely Nascimento
Marginália (2005) – João Wainer
Arpoador (2005) Fernanda Ramos
...Feito Poeira ao Vento... (2006) – Dirceu Maués
Quincas (2007) – Tatiana Altberg e Grupo Mão na Lata
Caixa de Sapato (2008) – Cia de Foto
Coda (2008) – Marcos Camargo
Trilogia Inconsciente (2008) – Carlos Dadoorian
Quase Todos os Dias: São Paulo (2008) – Alberto Bitar
Sobre Distâncias e Incômodos e Alguma Tristeza (2009) – Alberto Bitar
# (2010) - André Farkas e Arthur Gutilla
The City of Samba (2012) – Jarbas Agnelli e Keith Loutit
Hotel Savoy (2014) – Bella Tozini
2010-2014 (2014) – Pablo Gea
Boa Morte (2014) – Débora de Oliveira
A Festa e os Cães (2015) – Leonardo Mouramateus
De 54 a 60 (2015) – Bruno Fotodelic
Improvável Encontro (2017) – Lauro Escorel
Warmhole (2018) – Ayla Humi
Érico Elias (Guaxupé, Brasil 1981)
Com formação em Jornalismo e Fotografia, realizou mestrado em Artes (2007-2009) e doutorado em Artes Visuais (2012-2017), ambos pela Unicamp. Trabalhou por oito anos na revista Fotografe Melhor como repórter (2005-2013). Retornou à publicação em 2019, onde atua como Editor Convidado. Fotógrafo, ensaísta e pesquisador nas áreas de fotografia e cinema, foi Coordenador de Comunicação, Curador e Diretor Artístico do festival Paraty em Foco entre 2015 e 2019.
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Festival Hercule Florence de Fotografia de Campinas
O Festival Hercule Florence de Fotografia, sediado em Campinas, chega à sua décima segunda edição em 2021. Utilizando a fotografia como uma forma de pertencimento e valorização da identidade cultural, o Festival propõe atividades educativas e inclusivas, e faz parte do calendário oficial de eventos da cidade. Realizado desde 2007, o Festival Hercule Florence vem contribuindo para que a região de Campinas se torne um polo de produção e desenvolvimento do segmento artístico no país.