curso online | mulheres negras nas artes visuais, com Mirella Maria

Este curso investiga as produções visuais de mulheres negras, traçando um percurso que vai da herança artística africana à cena contemporânea internacional. Estruturado em quatro módulos, o programa aborda criação artística, curadoria e educação a partir de uma perspectiva prático-teórica, combinando análise de obras, documentos históricos e produções contemporâneas. A proposta é refletir sobre como diferentes linguagens têm sido mobilizadas para contar histórias, questionar narrativas hegemônicas e propor novos imaginários.

Voltado a artistas, educadores, pesquisadores e interessados em arte e cultura visual, o curso oferece ferramentas para interpretar e tensionar representações estabelecidas, compreendendo como artistas negras contemporâneas têm reescrito narrativas visuais e criado novos espaços de visibilidade, agência e poder simbólico.

Datas: 15, 22, 29 de maio e 05 de junho

Quintas-feiras

Horário: das 19h às 21h

Duração: 04 encontros

Público: interessados em geral

Investimento: R$ 350,00

Curso online

Ao vivo, via plataforma de videoconferência

Aulas gravadas disponibilizadas apenas por tempo determinado

Curso contempla certificado no final

Programação

Aula 1 – Sobre percepções na produção intelectual de e para mulheres – Continente Africano

Esta aula introdutória explora perspectivas sobre arte, estética e cotidiano em diferentes regiões africanas, a partir de artistas mulheres contemporâneas. Analisaremos como essas criadoras articulam tradição e contemporaneidade por meio de linguagens visuais como fotografia, pintura, têxtil e instalação, abordando identidade, memória e poder.

Tópicos de discussão:

• Billie Zangewa (Malawi): cria colagens têxteis com cenas do cotidiano feminino, abordando identidade e empoderamento.
• Esther Mahlangu (África do Sul): adapta padrões Ndebele tradicionais à arte contemporânea.
• Aïda Muluneh (Etiópia): produz fotografias simbólicas e coloridas sobre identidade e história africana.
• Exposição: I Am... Contemporary Women Artists of Africa (2019–2023, Smithsonian).

Aula 2 – Representações e representatividades: Reescrevendo Olhares

A aula investiga a representação de mulheres negras na história da arte e como artistas contemporâneas subvertem essas narrativas visuais. Serão analisadas obras que confrontam estereótipos e constroem novas imagens sobre corpo, identidade e memória, destacando a arte como espaço de resistência.

Tópicos de discussão:

• Rainha de Sabá: figura mítica com representações variadas que revelam tensões raciais e culturais.
• Houria Niati (Argélia): crítica à representação orientalista das mulheres norte-africanas.
• Renée Cox (Jamaica/EUA): autorretratos que desafiam estereótipos raciais e de gênero.
• Lorna Simpson (EUA): combina imagem e texto para abordar identidade e memória.
• Exposições e acervos:
• Histórias Afro-Atlânticas (2018, MASP/Instituto Tomie Ohtake).
• Museu Afro Brasil – destaque à presença e criação de mulheres negras.
• Zeitz MOCAA – When We See Us (2022–2023), pintura figurativa negra e autorrepresentação.

Aula 3 – Oceanos em diáspora: visualidades e ancestralidades

A aula aborda conexões entre África e suas diásporas por meio da arte têxtil. Veremos como artistas transformam técnicas tradicionais em narrativas visuais, atuando também como educadoras e agentes culturais.

Tópicos de discussão:

• Nike Davies-Okundaye (Nigéria): revitaliza a técnica Adire e promove o ensino artístico para mulheres.
• Bisa Butler (EUA): cria retratos com tecidos coloridos, reinterpretando fotografias históricas afro-americanas.
• Madalena Santos Reinbolt (Brasil): tapeçarias que narram cenas do cotidiano baiano com riqueza de cor e detalhe.
• Faith Ringgold (EUA): usa "story quilts" para narrar experiências afro-americanas.
• Exposição: The New Bend (2022, Hauser & Wirth) – quilting contemporâneo e herança de Gee's Bend.

Aula 4 – Mulheres e suas estéticas sobre o cotidiano

A aula analisa como artistas contemporâneas transformam o cotidiano em narrativas visuais potentes, articulando o pessoal e o político. Com foco em produção, curadoria e arte-educação, discutiremos como essas mulheres criam e compartilham saberes através da arte.

Tópicos de discussão:

• Liliana Angulo Cortés (Colômbia): investiga identidade afro-colombiana com fotografia e instalação.
• Mary Sibande (África do Sul): utiliza a personagem “Sophie” para explorar identidade pós-colonial.
• Elidayana Alexandrino (Brasil): resgata memórias negras com foco em ancestralidade.
• Adrian Piper (EUA): performances e instalações que questionam raça, gênero e classe.
• Exposição: Carolina Maria de Jesus: Um Brasil para os Brasileiros (2021, IMS) – conexões entre literatura, arte e cotidiano.

Sobre a professora

Mirella Maria é artista visual, pesquisadora e professora. Possui graduação em Artes Visuais e mestrado em Educação Artística pela Universidade Estadual Paulista (UNESP, Brasil), além de mestrado em História da Arte pela UWMadison, onde atualmente é estudante de doutorado em História da Arte. Tem experiência como educadora de arte, professora assistente, formadora e consultora em museus, centros culturais, escolas de arte e universidades no Brasil, África do Sul, Áustria, Portugal e Estados Unidos. Trabalhou como assistente de curadoria no Chazen Museum of Art (Wisconsin). Como artista visual, participou da XII Bienal do Mercosul. Sua pesquisa concentra-se na produção artística contra-hegemônica, alinhando-a com as epistemologias do Sul Global, questões étnico-raciais/de gênero e estudos pós-coloniais.

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