Barba Azul ou Todo Coração Tem Um Bosque

SINOPSE
A peça se trata de um programa televisivo de culinária, onde a apresentadora começa a contar, através dos ingredientes e modo de preparo da receita, a história ancestral “barba azul”. Trata-se, na verdade, de um pano de fundo para revelar uma relação de abuso sofrida por ela. Os ingredientes têm os nomes dos personagens do conto, que, por sua vez, estão no lugar dos personagens reais da história vivida. Cada parte do conto conta um pouco mais sobre o que ela, até então, escondia.
Foucault resgata da Grécia pré-socrática uma ideia de expressão da verdade que é a “parresía”. Parrhesia: falar com sinceridade; falar tudo; fala franca; coragem da verdade. Uma parrhesiastes é também aquela ou aquele que fala a verdade ao poder. Foucault relaciona o termo também ao cuidado de si, à cura por meio de um discurso verdadeiro. Nesse sentido, me sinto uma parrhesiastes que deseja e precisa falar sobre uma história do passado que ainda encontra ecos no presente. Não de forma terapêutica ou analística, mas convocando uma escuta do espectador. Um partilhamento de uma história na cena. E, como diz o diretor Nelson Baskerville, o simples deslocamento do fato para a cena já o transforma em ficção. Portanto, mais do que um documento ou um depoimento, o que faço neste trabalho é uma autoficção. Acredito que quando uma artista coloca sua própria história em cena, ela cria fissuras nos mecanismos de representação já conhecidos por ela mesma e pelo espectador. Não se sabe exatamente onde a linha teatro/realidade está traçada e se ainda interessa que ela exista. 

SOBRE O ESPETÁCULO

Barba Azul foi apresentado em três diferentes situações: uma breve temporada em outubro de 2020, produzida pela Inbox Cultural e transmitida via Sympla Zoom; no festival Rede de Leituras, produzido por Marcello Airoldi e transmitido pelo youtube e no festival Satyrianas, produzido pelo grupo Satyros e transmitido via Sympla Zoom.

Direção Nelson Baskerville

CLASSIFICAÇÃO 16 ANOS
DURAÇÃO 30 MINUTOS